Repetir teste de Covid-19 após dez dias não é recomendado, diz especialista

Repetir teste de Covid-19 após dez dias não é recomendado, diz especialista

“Certamente sobrecarrega o sistema”, diz o médico Alexandre Zavascki

Felipe Nabinger

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A disponibilidade de acesso aos testes rápidos de antígenos para Covid-19 nas unidades de saúde pública de Porto Alegre, aliada a alta taxa de transmissão da variante ômicron, fez com que aumentasse a procura pela população com sintomas de síndrome gripal. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), entre os dias 5 e 24 de janeiro, foram realizados 65.595 testes rápidos de antígeno diretamente na rede SUS de Porto Alegre. Destes, 25.280 com resultados positivos, um número que representa 38,5%.

Embora a testagem seja ideal para que a pessoa infectada e apresenta sintomas tome as medidas clínicas e se isole, em visita a unidades de saúde é comum ver pessoas repetindo o teste alguns dias depois de positivar, o que é desnecessário, conforme especialistas. “Certamente sobrecarrega o sistema”, diz Alexandre Zavascki, médico e chefe do setor de Infectologia do Hospital Moinhos de Vento.

Zavascki analisa que, devido a mudanças na recomendação de isolamento, muitas pessoas têm voltado a fazer testes após dez dias. “Está documentado que após o décimo dia a probabilidade de ter vírus viável para transmitir e infectar outra pessoa é muito rara. Então se assume que após o décimo dia você não transmite mais”. Ele explica que o novo teste tende a positivar, mas que não significa que aquela pessoa siga sendo um vetor ativo de transmissão do vírus. 

“O teste RT-PCR vai dar RNA positivo por semanas, talvez meses, mas não significa que tenha o vírus formado capaz de infectar outra pessoa. O teste de antígeno a mesma coisa, há proteínas do vírus presente. Então, não se deve fazer”. Para Zavascki, o critério deve ser a melhora clínica do paciente. “Se os sintomas estão melhorando, a febre já desapareceu sem o uso de antitérmicos, não está indicado nenhum tipo de teste.” 

Pessoas que positivaram e querem tomar alguma das doses da vacina contra a Covid-19 também não necessitam realizar novo teste tão próximo do primeiro. “Não existe uma regra definitiva, mas sim uma recomendação de vacinar 30 dias após a infecção. Eu utilizo 30 dias após a recuperação total do quadro clínico, mas isso é variável”, explica.

Mudanças no período de quarentena

O Ministério da Saúde anunciou, no dia 10 de janeiro, a redução do tempo de quarentena para pacientes com Covid-19 para sete dias. A medida vale para pessoas em casos leves e/ou moderados. Conforme a pasta, a pessoa poderá realizar um novo teste já no quinto dia de isolamento social, caso não apresente nenhum sintoma respiratório, febre ou esteja sem fazer uso de medicamento há 24 horas. “O fato é que depois de 10 dias não há nenhuma indicação e as pessoas estão buscando isso”, enfatiza Zavaski.

Testes na rede pública

Na rede de saúde municipal, os testes rápidos de antígeno estão disponíveis em todas as 132 unidades de saúde da Capital e no Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS), na rua Sarmento Leite, 500, bairro Farroupilha, das 9h às 17h, para quem apresenta sintomas da Covid-19 – febre, calafrio, dor de garganta, tosse, dor de cabeça, coriza, diarreia, alteração no olfato, no paladar, fraqueza e dor muscular – e pacientes assintomáticos em contato com caso positivo de Covid-19 e sem esquema vacinal completo. Antes da testagem, todos passarão por avaliação clínica no próprio local.

A testagem deve ser realizada, de preferência, entre o terceiro e quinto dia após o início dos sintomas. Para pacientes assintomáticos, entre o terceiro e quinto dia após o último contato com o caso positivo de Covid-19. O teste fica pronto em menos de 30 minutos e os pacientes que tiverem resultado negativo, mas que seguirem com sintomas, serão encaminhados para realização de teste RT-PCR. 


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