Restaurantes e bares voltam a funcionar apenas em tele-entrega e pague e leve em Porto Alegre

Restaurantes e bares voltam a funcionar apenas em tele-entrega e pague e leve em Porto Alegre

Decreto municipal proibiu a abertura dos estabelecimentos para receber o público nesta quinta-feira

Cláudio Isaías

Esta é a segunda vez que restaurantes precisam aderir apenas ao tele-entrega e ao pegue e leve

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Em razão do decreto municipal que ampliou as restrições às atividades econômicas em função da pandemia da Covid-19, os bares e restaurantes de Porto Alegre começaram a funcionar nesta quinta-feira no sistema de tele-entrega e pague e leve. A manhã foi de adaptações nos estabelecimentos comerciais que tradicionalmente utilizam o sistema de buffet livre. É a segunda vez vez que bares e restaurantes da Capital fecham em função da pandemia - a primeira foi no dia 20 de março deste ano.

No restaurante Éfe Gastronomia, na rua Padre Chagas, no bairro Moinhos de Vento, a proprietária Jaqueline Lacerda explicou que o estabelecimento servia uma média de 100 a 140 refeições por dia antes da pandemia. Antes da crise, o local tinha dez funcionários. Hoje, além dela mais três pessoas trabalham no restaurante. "Tivemos que nos reinventar em todos os sentidos. Estamos comercializando cestas de aniversário durante este período", destacou. O restaurante serve uma média de 40 a 50 marmitas por dia nos sistemas de pague e leve e tele-entrega. O estabelecimento resolveu inovar em tempos de solidariedade. A cada almoço comercializado no restaurante, um era doado para um morador de rua.

No El Porteño, na rua Florêncio Ygartua, no bairro Moinhos de Vento, a proprietária Lucíola Armani disse que foi adotado o sistema pague e leve no balcão. O estabelecimento comercial que funciona das 11h às 15h servia uma média de 150 a 200 refeições no buffet livre. Ela acredita que novo sistema deverá ser de 90 a 100 refeições. No Culinárias Restaurantes, na rua Carazinho, no bairro Petrópolis, o proprietário Roni Kuhn disse que o estabelecimento adotou a tele-entrega e o pague leve com a sugestão da montagem de pratos pelos clientes. Já o Ristorante Fontana, na avenida Venâncio Aires, no bairro Bom Fim, que servia um média de 400 almoços por dia no buffet livre, decidiu optar pela tele-entrega e pelo pague e leve no balcão.

A presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes do Rio Grande do Sul (Abrasel/RS), Maria Fernanda Tartoni, disse que o dia foi bem difícil e triste para o setor. "Mais uma vez estamos fechando as portas dos salões e sabemos que muitas delas não irão mais abrir. Fizemos um grande esforço para reabrir nossas operações, ficamos pouco mais de um mês abertos depois de 60 dias fechados e tínhamos a expectativa de que poderíamos seguir trabalhando", lamentou. Segundo ela, o setor inclusive teve um crescimento na confiança dos clientes e também no faturamento, um crescimento pequeno, mas que já significava uma retomada gradual para os negócios.

"Neste período abertos investimos na compra de insumos, agora estamos com os estoques cheios, o que acarretará em um grande prejuízo, pois a demanda de tele-entrega e pegue e leve não supre esse investimento", ressaltou. Maria Fernanda afirmou ainda que foram retirados funcionários da suspensão e que hoje será preciso buscar novas alternativas para mantê-los. "Renegociamos aluguéis e não sabemos se poderemos pagar ou permanecer nos salões. O setor está em uma situação bem delicada", acrescentou.

A presidente da Abrasel/RS disse ainda que é mais seguro estar em um restaurante do que nas praças e parques com aglomerações ou em supermercados onde existe um grande fluxo de pessoas. "Todo o setor respeita e segue de forma rigorosa os protocolos de higiene, segurança e de boas práticas. Infelizmente estamos proibidos de operar, mesmo seguindo todas as normativas para garantir a segurança dos nossos clientes e funcionários", afirmou.

A estimativa da associação é de que com este segundo fechamento ocorrerá cerca de 12 mil demissões e que 50% dos associados fechem de forma definitiva em Porto Alegre. Esses dados fazem parte de uma pesquisa realizada pela entidade no início do mês de junho com os associados da Capital sobre o futuro do setor. Uma nova pesquisa está sendo organizada para a próxima semana. Conforme o último Atlas Econômico, de 2017, existiam 15.556 estabelecimentos de alimentação no Rio Grande do Sul. 


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