Ricardo Salles insinua que Greenpeace vazou petróleo na costa do Nordeste

Ricardo Salles insinua que Greenpeace vazou petróleo na costa do Nordeste

Segundo ministro, embarcação da organização navegou próximo ao litoral brasileiro no período do derramamento de óleo

AFP

Segundo ministro, embarcação da organização navegou próximo ao litoral brasileiro no período do derramamento de óleo

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O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insinuou, nesta quinta-feira, em uma rede social que uma embarcação do Greenpeace poderia estar relacionada com o derramamento de óleo cru que há dois meses polui o litoral nordeste brasileiro.

"Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...", postou no Twitter o ministro utilizando foto de um barco verde identificado como do "Greenpeace".

A organização de defesa do meio ambiente afirmou em um comunicado que essas alegações constituem "uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade" do governo em lidar com a situação. A ONG destacou que sua embarcação Esperanza "passou pela Guiana Francesa entre agosto e setembro, onde foi realizada uma expedição de documentação e pesquisa dos Corais da Amazônia".

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), exigiu pelo Twitter uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente sobre as acusações. "Presidente, o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar", respondeu Salles pela mesma rede social.

As primeiras amostras de petróleo foram observadas na Paraíba (nordeste) em 30 de agosto e, desde então, se estenderam por cerca de 2.250 quilômetros, produzindo danos ambientais e econômicos ainda não avaliados. Não é a primeira vez que o Greenpeace é alvo de comentários de Salles que, assim como o presidente Jair Bolsonaro, nega que as atividades humanas causem o aquecimento global e é a favor da abertura da Amazônia a atividades agrícolas e de mineração. Na quarta-feira, o ministro classificou de "terrorista" a ONG, que havia realizado um protesto derramando óleo falso em frente ao palácio do Planalto, em Brasília. Também bloqueou a conta @GreenpeaceBR em seu Twitter oficial.

Na segunda-feira passada, Salles ironizou uma postagem do Greenpeace, na qual um porta-voz da entidade alertou que a limpeza das praias requer conhecimento e equipamentos específicos. Em seu pronunciamento na quarta-feira em rede nacional, o ministro reiterou que, segundo análises de laboratório, o petróleo é "de origem venezuelana" e anunciou que o Brasil solicitará por meio da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma resposta desse país.

A estatal Petroleos de Venezuela (PDVSA) rejeitou "categoricamente" essas acusações. Milhares de voluntários e cerca de 5 mil soldados estão atualmente trabalhando na limpeza de praias contaminadas. 


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