Ricardo Salles insinua que Greenpeace vazou petróleo na costa do Nordeste
Segundo ministro, embarcação da organização navegou próximo ao litoral brasileiro no período do derramamento de óleo
publicidade
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, insinuou, nesta quinta-feira, em uma rede social que uma embarcação do Greenpeace poderia estar relacionada com o derramamento de óleo cru que há dois meses polui o litoral nordeste brasileiro.
"Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano...", postou no Twitter o ministro utilizando foto de um barco verde identificado como do "Greenpeace".
Tem umas coincidências na vida né... Parece que o navio do #greenpixe estava justamente navegando em águas internacionais, em frente ao litoral brasileiro bem na época do derramamento de óleo venezuelano... pic.twitter.com/ebCoOPhkXJ
— Ricardo Salles MMA (@rsallesmma) October 24, 2019
A organização de defesa do meio ambiente afirmou em um comunicado que essas alegações constituem "uma mentira para criar uma cortina de fumaça na tentativa de esconder a incapacidade" do governo em lidar com a situação. A ONG destacou que sua embarcação Esperanza "passou pela Guiana Francesa entre agosto e setembro, onde foi realizada uma expedição de documentação e pesquisa dos Corais da Amazônia".
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), exigiu pelo Twitter uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente sobre as acusações. "Presidente, o navio do Greenpeace confirma que navegou pela costa do Brasil na época do aparecimento do óleo venezuelano, e assim como seus membros em terra, não se prontificou a ajudar", respondeu Salles pela mesma rede social.
Estamos esperando uma posição oficial do Ministério do Meio Ambiente. https://t.co/4sBokwae8P
— Rodrigo Maia (@RodrigoMaia) October 24, 2019
As primeiras amostras de petróleo foram observadas na Paraíba (nordeste) em 30 de agosto e, desde então, se estenderam por cerca de 2.250 quilômetros, produzindo danos ambientais e econômicos ainda não avaliados. Não é a primeira vez que o Greenpeace é alvo de comentários de Salles que, assim como o presidente Jair Bolsonaro, nega que as atividades humanas causem o aquecimento global e é a favor da abertura da Amazônia a atividades agrícolas e de mineração. Na quarta-feira, o ministro classificou de "terrorista" a ONG, que havia realizado um protesto derramando óleo falso em frente ao palácio do Planalto, em Brasília. Também bloqueou a conta @GreenpeaceBR em seu Twitter oficial.
Na segunda-feira passada, Salles ironizou uma postagem do Greenpeace, na qual um porta-voz da entidade alertou que a limpeza das praias requer conhecimento e equipamentos específicos. Em seu pronunciamento na quarta-feira em rede nacional, o ministro reiterou que, segundo análises de laboratório, o petróleo é "de origem venezuelana" e anunciou que o Brasil solicitará por meio da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma resposta desse país.
A estatal Petroleos de Venezuela (PDVSA) rejeitou "categoricamente" essas acusações. Milhares de voluntários e cerca de 5 mil soldados estão atualmente trabalhando na limpeza de praias contaminadas.