Rodoviários acompanham votação de projeto de privatização da Carris na Câmara de Vereadores

Rodoviários acompanham votação de projeto de privatização da Carris na Câmara de Vereadores

Governo municipal precisa de 19 votos para ter o PL 013/21 aprovado

André Malinoski

Governo municipal precisa de 19 votos para ter o PL 013/21 aprovado

publicidade

Os rodoviários da Carris permanecem em estado de mobilização contra o projeto de lei que prevê a desestatização da companhia. A Câmara de Vereadores de Porto Alegre tentava começar a votação na sessão plenária no fim da tarde desta quarta-feira. O governo municipal precisa de 19 votos para ter o PL 013/21 aprovado. Há estimativa da base aliada do prefeito Sebastião Melo de que serão obtidos ao menos 22 votos favoráveis à privatização dos 36 vereadores votantes. Os trabalhadores compareceram em peso ao local, para acompanharem o destino da empresa de transporte público coletivo. O clima no plenário, no final da tarde, era tenso, porém sem maiores problemas.

O vereador Pedro Ruas demonstrava inconformismo. “O que nós vamos votar hoje é uma verdadeira agressão contra Porto Alegre. Sei que os símbolos de nossa cidade são o Laçador, o pôr do sol e a Carris”, discursou. “Se alguém fica doente ninguém manda matar, se dá remédio. Não podemos permitir que uma empresa de 150 anos seja privatizada. Este patrimônio histórico é do público”, acrescentou. O vereador antecipou que o caso Carris será judicializado nos próximos dias. “É um crime o que querem fazer com Porto Alegre. O projeto é muito ruim e as coisas não se resumem a simplesmente vender”, alega Pedro Ruas.

A mobilização dos rodoviários acontece desde quinta-feira da semana passada, quando a Câmara aprovou a extinção gradual da função de cobrador nos ônibus de Porto Alegre. Nesta quarta, os funcionários ficaram das 4h da madrugada até perto das 10h na frente da sede da Carris, no bairro Partenon, na Capital. Em seguida, partiram em direção à Câmara de Vereadores em dois ônibus lotados. Na frente da Câmara, com apitos, tambores, buzinas e gritos, houve mais protestos da categoria do setor. Posteriormente, os manifestantes ficaram no acesso lateral da Câmara, perto da Receita Federal. A Brigada Militar e a Empresa Pública de Transporte e Circulação de Porto Alegre (EPTC) controlavam os ânimos no local.

No plenário aconteceram diversas manifestações dos representantes dos rodoviários que ocupavam os espaços com 15 pessoas. “Carris unida jamais será vendida” e “é o nosso trabalho que vocês estão tirando” foram alguns dos gritos direcionados à base do governo municipal. Às 15h, o vereador Aldacir Oliboni tentou impedir o início da votação com um requerimento alegando irregularidades no processo. Conforme a carta lida pelo vereador, o projeto de lei infringiria a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e outras duas leis federais pela Carris se tratar de uma sociedade de economia mista. “Aqui ocorre um diálogo para grego. O governo municipal não vai conseguir fazer o que pretende. Vamos judicializar a questão”, garantiu Oliboni.

Na segunda-feira passada, os rodoviários da Carris entregaram um projeto à Prefeitura de Porto Alegre, para que a privatização da companhia não entrasse na pauta de votação dos próximos dias na Câmara de Vereadores. Dez representantes foram recebidos no Paço Municipal. A ação não deu resultados. E na Câmara, o clima era de revolta dos vereadores de oposição. “Por que privatizar a Carris com tanta pressa”, questionava a vereadora Karen Santos. “Serão mais famílias deixadas em situação de vulnerabilidade social”, completou. Os rodoviários presentes gritaram: “Aqui é casa de burguês”. Até o fim da tarde a votação não havia iniciado.

Desde o começo da greve, a Justiça do Trabalho determinou que 65% da frota dos ônibus deve permanecer em serviço aos usuários da cidade. Em caso de descumprimento da determinação, o sindicato pode ser multado em R$ 20 mil por dia.

Sebastião Melo ameaçou cortar o ponto e o salário daqueles funcionários da companhia que não acatarem o acordo judicial enquanto durar a greve da Carris.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895