Rodoviários protestam contra demissão de delegado sindical em Porto Alegre

Rodoviários protestam contra demissão de delegado sindical em Porto Alegre

Grupo realizou ato em frente à garagem da empresa Trevo, mas não impediu a saída de ônibus

Cláudio Isaías

Manifestação ocorreu em frente à garagem da empresa Trevo na madrugada desta sexta-feira

publicidade

Um grupo de rodoviários voltou a protestar, na madrugada desta sexta-feira, na frente da garagem da empresa Trevo, na rua Coronel Massot, na zona Sul de Porto Alegre. O ato contou com cerca de 20 sindicalistas que se manifestaram contra a demissão de um colega, que é delegado sindical. A manifestação, que começou às 4h, encerrou por volta das 6h e não foi impedida a saída dos ônibus. No entanto, por volta das 13h, a categoria voltou a protestar na frente da sede da Trevo. O protesto foi acompanhado pela Brigada Militar.

Na quinta-feira à tarde, os trabalhadores da Restinga Transportes Coletivos (Tinga) decidiram paralisar as atividades. Dezenas de funcionários se postaram em frente aos veículos da frota que atendem ao bairro de Porto Alegre, no terminal localizado na rua Coronel Massot. O ato foi uma resposta à demissão de um motorista, delegado sindical, na manhã de quinta-feira. O funcionário em questão é Rodrigo Almeida, mais conhecido como Digão. Ele foi demitido por justa causa devido à suspensão de sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH). 

O motorista alega que não sabia do fato, ocorrido ainda em 2019, e que trabalhava normalmente até quarta-feira. “Nunca ninguém foi demitido por isso. Se a CNH é bloqueada, o funcionário é repassado a outro setor até a regularização”, conta Digão. “É uma perseguição pelo fato de eu ser delegado sindical da categoria e fazer reivindicações”. Cerca de 30 itinerários de dez linhas ficaram comprometidos por conta da paralisação. Entre as reivindicações lideradas por Digão está o que ele chama de descumprimento por parte da empresa das medidas provisórias, ainda vigentes, tomadas em virtude da pandemia. “Estamos trabalhando em 100% do horário, sem redução, mas recebendo apenas 75% do salário. Sem falar que, desde março, o vale-refeição caiu de R$ 27,50 para R$ 20”, reclama o motorista. 

Em nota, a Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) informou que o processo de desligamento foi motivado exclusivamente pela tomada de conhecimento, na tarde de 26 de agosto, que o direito de dirigir (CNH) do colaborador estava suspenso há meses por infração de trânsito cometida com seu veículo próprio - transpor bloqueio da polícia. De acordo com as regras do contrato de trabalho, e a responsabilidade que envolva a função de motorista de ônibus, é dever do profissional informar a empresa em situação como essa.

Segundo a nota, pelo contrário, o colaborador agora suspenso para devido trâmite judicial optou por ocultar o fato do empregador, e seguir suas atividades laborais à margem da lei, sem sequer buscar a realização dos procedimentos impostos a ele pelas autoridades para a recuperação de sua CNH, o que implica inclusive em cassação do direito de dirigir por dois anos. Diante das regras e do bom senso, ocorreu o referido procedimento legal de desligamento do trabalhador.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895