Rodovia do Parque segue com remendos e inúmeros desafios

Rodovia do Parque segue com remendos e inúmeros desafios

BR 448 apresenta diversos desafios desde sua inauguração, em 2013, como falta de iluminação e defeitos no asfalto

Gabriel Guedes

Desde o início, condutores notavam ondulações que começaram a se formar

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A BR 448, também chamada de Rodovia do Parque por atravessar área lindeira ao Parque Estadual do Delta do Jacuí, foi inaugurada em 2013, depois de quase quatro anos de obras. Mas não demorou muito para a estrada ser reconhecida por seus defeitos. Logo nos primeiros meses, motoristas já notavam as ondulações que começaram a se formar em pontos ao longo de seus 22,3 quilômetros. De lá para cá, muita coisa foi aventada como solução, como o acionamento da garantia por parte das construtoras e trabalhos de recuperação contratados pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Nada que, de fato, tenha resolvido.

Sete anos se passaram e agora, a concessionária que arrematou o trecho em leilão de rodovias, a CCR ViaSul, tem o desafio de solucionar estes problemas e ainda dar conta da manutenção do pavimento e da iluminação. O Correio do Povo percorreu a estrada nesta semana e observou também que remendos realizados recentemente pela companhia estão apresentando buracos e deformações e que boa parte do trecho segue às escuras. Nestas condições, dirigir um veículo nesta rodovia é uma tarefa bastante desconfortável. "Esperamos que eles melhorem o assentamento. Não é possível que exista tantas irregularidades", cobra o conselheiro fiscal do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do RS (Setcergs), Frank Woodhead.

Quem trafega nos 10 quilômetros iniciais, sentido Porto Alegre-Sapucaia do Sul - e vice-versa -, até vai encontrar a Rodovia do Parque em boas condições. A situação piora a partir da ponte sobre o valão da Mathias Velho, onde a pista apresenta um leve afundamento nas cabeceiras, provocando um desnível maior em relação à estrutura rígida. No veículo, o motorista precisa reduzir a velocidade, sob o risco de bater a base do carro ou o motor no asfalto. Problema que se repete na ponte sobre o Arroio Sapucaia, no limite entre Canoas e Esteio.

No trecho a partir da interseção com a BR 386, o usuário da rodovia vai se deparar também com um número maior de remendos no asfalto. Nas proximidades do acesso ao viaduto de Esteio, alguns deles apresentam deformações e pequenos buracos. O problema fica mais visível na sinalização horizontal, que chega a ficar distorcida. É justamente nesta região, distante cerca de 18 quilômetros da Capital, em que uma parte das pistas, em ambos os sentidos, está sofrendo com um processo de adensamento. Passar por lá na velocidade máxima da via, que é de 100 km/h, provoca a sensação de estar numa montanha russa.

Segundo a professora de Engenharia Civil, da Escola Politécnica da Unisinos, Danielle Clerman Bruxel, a várzea do Rio dos Sinos, por onde atravessa a Rodovia do Parque, tem a presença de solos moles. "Durante o processo da construção, deve ter sido feito uma solução de engenharia para isso. Mas, provavelmente, o processo de aceleração utilizado não tenha sido feito adequadamente", acredita. Conforme a engenheira, este processo consiste em remover a água presente no subsolo e fazer com que a terra se acomode, antes de se completar com o aterro que sustenta a pista de rodagem. A especialista ainda afirma que as juntas de dilatação das pontes e viadutos - que são as emendas entre duas partes ou com o restante da pista - precisam ser refeitas. "Esta juntas precisam de manutenção. É o que eu mais noto. Há um ruído maior quando se passa de carro", relata. "Mas há diferentes alternativas para fazer a correção destes problemas", assegura.

Para Woodhead, a BR 448, do jeito que está, é uma "roda gigante de desperdício". "Ela foi feita às pressas. O projeto foi mal feito e mal desenvolvido e a construção dela foi pior ainda. Tudo que tem pressa na vida acaba sendo mal feito", lamenta. A melhora do trecho, segundo o empresário, passava pela concessão. "Era um pleito nosso", relembra. A empresa assumiu a concessão no começo de 2019 e a manutenção da BR 448 em meados do ano passado. Agora a CCR ViaSul prevê iniciar no próximo mês e concluir em junho o reparo do trechos que estão "afundando".

Sobre as juntas de dilatação, a concessionária afirma que foram substituídas no ano passado, conforme a necessidade. Os trabalhos de reparos emergenciais no pavimento, manutenção da iluminação, bem como os serviços de conservação - sinalização, limpeza e roçada - seguem de forma permanente, segundo a empresa. "A sociedade precisa ficar em cima, porque nestes casos é muito comum cobrar e não fazer. Eles têm uma programação de execução e acreditamos que a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) esteja bem a par", conclui Woodhead.


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