RS tem mais de 270 mil pessoas sem segunda dose de vacina registrada no intervalo ideal

RS tem mais de 270 mil pessoas sem segunda dose de vacina registrada no intervalo ideal

Com casos suspeitos da variante Delta, Secretaria Estadual da Saúde (SES) alerta população para necessidade de completar o calendário de imunização

Felipe Samuel

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O Rio Grande do Sul contabiliza 272.535 pessoas sem registro de aplicação da segunda dose da vacina contra o novo coronavírus no sistema de informações do Plano Nacional de Imunizações (SI-PNI), já passado o tempo ideal. Há duas semanas, esse contingente era de 199.358 pessoas. Com a identificação de casos suspeitos da variante Delta, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) alerta a população para a necessidade de completar o calendário de imunização para evitar a disseminação de novas cepas.

Em todo o Estado, das 272.535 pessoas nessa situação ou que não tiveram a aplicação da vacina registrada no SI-PNI, 167.022 são referentes à vacina da AstraZeneca, 105.473 da Coronavac e 40 da Pfizer. A SES informa que 'não tem o número real' de segundas doses não aplicadas, mas tem apenas as segundas doses não registradas. Chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Tani Ranieri esclarece que alguns municípios relataram problemas para inserir os dados no sistema do PNI, o que pode gerar atraso na atualização da vacinação.

Apesar de reconhecer que existe uma parte da população segue sem a segunda dose no Estado, Tani alerta que os números podem ser superestimados. Ela afirma que podem ocorrer atrasos de registro no sistema - de responsabilidade dos municípios - das doses aplicadas. "Tem um contingente grande de pessoas que não foram em busca da segunda dose para completar o esquema de vacinação. Mas o Ministério da Saúde tem enfrentado problemas no sistema do PNI", observa. Ela reforça que uma das alternativas é a busca ativa por nome dos faltantes nos municípios.
 
Tani explica reforça a necessidade de os municípios realizarem busca ativa aos cidadãos que receberam uma dose da vacina contra a Covid-19 e ainda não retornaram ao serviço de saúde para completar a vacinação. "É importante que os municípios acompanhem isso de maneira mais assertiva e busquem uma estratégia para registrar a população de faltosos. Para proteção contra a Covid-19 é necessário completar a vacinação, não resolve nada tomar uma única dose, pois tem baixa eficácia", alerta.

Porto Alegre

Em Porto Alegre, cerca de 30 mil cidadãos receberam uma dose da vacina contra a Covid-19 e ainda não retornaram ao serviço de saúde para a segunda dose, já passado o tempo ideal de intervalo. Diretora de Atenção Primária da Secretaria Municipal de Saúde, Caroline Schirmer afirma que algumas pessoas tomaram a segunda dose com um imunizante diferente do primeiro. "Algumas pessoas mudaram a marca da vacina, o que a gente não recomenda. Tinham tomado Butantan, por exemplo, e foram se vacinar com a vacina da Pfizer. Não é um número muito grande, mas acabou acontecendo", destaca.

Ao destacar as dificuldades do Ministério da Saúde para implementar o PNI no começo do ano, Caroline afirma que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) reforçou nos últimos dias a busca ativa por pacientes. O objetivo é verificar se eles já concluíram o esquema vacinal. "Por conta do PNI não estar pronto no início de janeiro, fizemos o registro de forma manual. E o que isso implica? Se no registro manual se esquece um número do CPF ou do cartão SUS, que é o que localiza o paciente, tu não localizas mais esse paciente, não consegues incluir no sistema posteriormente", assinala.
 
Os problemas no sistema de informações do PNI também são motivo de preocupação "Tem alguns casos que foram registrados e não aparecem. Então é um sistema um pouco frágil", afirma. Ela destaca outros motivos para o atraso das doses. "Algumas pessoas mudaram de município, o que também é considerado. E também tivemos atraso por conta do início da vacinação da gripe, que a gente teria que esperar 14 dias para fazer a dose da vacina da Covid-19. Então a causa foi multifatorial", observa. Conforme Caroline, mais da metade das 30 mil doses em atraso são referentes à Coronavac. Ela explica que a ideia é diminuir à metade o número de pessoas que não concluíram a vacinação.

Ela afirma que o imunizante é disponibilizado em 12 unidades de saúde 'há mais de semanas e as pessoas não vão atrás'. Com isso, a prefeitura intensificou a busca ativa para ver se essas pessoas não tomaram a segunda dose ou se já mudaram de esquema vacinal. Um aplicativo, que deve ser lançado nas próximas semanas pelo governo federal, vai permitir aos usuários baixar um certificado digital de vacinação. "Se tem as duas doses registradas no PNI, vai aparecer pelo CPF da pessoa o certificado. E esse certificado vai substituir a carteirinha de vacinação", revela.

Para garantir o sucesso da vacinação, ela afirma que os municípios 'precisam fazer o dever de casa' e a população entender a importância de realizar o esquema de vacinação completo. Tani afirma que algumas pessoas podem ter deixado de tomar a segunda dose por conta de eventos adversos, como febre e dor. "É importante lembrar que mais de 90% dos eventos ocorrem com a primeira dose", destaca. "Uma parte da população pode ter receio de completar a vacinação", completa.


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