Sede do Ibama em Salvador é ocupada em protesto relacionado à presença de óleo no Nordeste

Sede do Ibama em Salvador é ocupada em protesto relacionado à presença de óleo no Nordeste

Grupo acusa governo de inércia no combate à substância que tem contaminado diversas praias da região

AE

Funcionário da prefeitura de Salvador limpa óleo presente na areia da praia de Pituba

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A sede do Ibama, em Salvador, foi ocupada na manhã desta terça-feira, 22, por um grupo de pescadores e ambientalistas. Eles acusam o governo de inércia no combate ao óleo que contamina o Nordeste brasileiro desde o dia 30 de agosto passado. Com faixas nas mãos e cantando palavras de ordem, o grupo entrou, sem resistência, no prédio do Ibama na capital baiana. Nessa segunda-feira, conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo, o Ibama destinou R$ 40,5 mil a mais nos cartões corporativos de nove servidores públicos do órgão que atuam nos Estados do Nordeste, para compra de suprimentos de segurança. 

O valor irrisório deixou as pessoas indignadas frente ao prejuízo incalculável que o dano ambiental já causa em mais de 2 mil quilômetros de praias. Na Bahia, uma das preocupações é que o óleo, que já sujou diversas praias e prejudica a pesca de milhares de pessoas, chegue também a lugares de extrema sensibilidade ambiental, como o Parque Nacional de Abrolhos. 

Suposta demora no acionamento de plano de contingência 

O Plano Nacional de Contingência do governo federal, um documento criado em 2013 para lidar com situações de emergência como a do vazamento de petróleo que suja todo o Nordeste brasileiro, só foi formalizado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, no dia 11 de outubro, 41 dias depois de terem surgido as primeiras manchas de petróleo no litoral. Naquela data, o ofício circular assinado por Salles e enviado à Casa Civil da Presidência da República, tratava, na realidade, de apenas designar a Marinha do Brasil como "coordenadora operacional" das ações, para prosseguimento no combate às manchas de óleo. 

Cópias do ofício foram encaminhadas a 12 ministros e ao Ibama, ICMBio e à Agência Nacional do Petróleo. Na prática, tratou-se de um ato formal do governo, uma vez que a Marinha já vinha atuando nas operações. O que membros do governo e especialistas no setor de meio ambiente apontam, no entanto, é que trata-se de mais uma evidência de que, na realidade, o próprio governo desconhecia que havia um plano de contingência para lidar com esse tipo específico de situação. 

O Ministério nega que tenha havido lentidão nas respostas à tragédia e que, desde o começo, todos os órgãos já estariam em ação, independentemente de o plano ter sido ou não acionado logo de início. Segundo o MMA, desde 2 de setembro houve ação do Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), integrado pela Marinha, pelo Ibama e pela ANP. O governo federal já tinha, inclusive, acabado, em abril, com o comitê que daria os passos concretos das ações desse plano.

 

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