Sem acordo para quitar salários atrasados, trabalhadores do Hospital Porto Alegre mantêm greve

Sem acordo para quitar salários atrasados, trabalhadores do Hospital Porto Alegre mantêm greve

Decisão ocorreu após audiência no TRT4, nesta quarta-feira

Felipe Samuel

Falta de dinheiro tem atrasado o pagamento dos 270 funcionários e de alguns fornecedores

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Com três meses de salários atrasados, servidores do Hospital Porto Alegre (HPA) informaram nesta quarta-feira que vão manter a greve iniciada há um mês. A decisão foi anunciada após audiência virtual no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4), quando a defesa da direção da instituição - administrada pela Associação dos Funcionários Municipais (AFMPA) - propôs o pagamento de R$ 295 aos trabalhadores na sexta-feira.

O SindiSaúde-RS criticou o valor oferecido a técnicos em enfermagem, funcionários do administrativo, limpeza, nutrição e segurança, que compõem o grupo com salários atrasados, e a ausência de um cronograma com previsão para quitar a dívida com os trabalhadores. "Essa proposta é um tapa na nossa cara. Enquanto não tiver uma folha quitada não vamos voltar a trabalhar", afirma o secretário-geral da entidade, Julio Appel.

Sem acordo, Appel explica que uma nova audiência foi marcada para o dia 6 de julho, às 9h, para a direção do AFMPA apresentar um cronograma de pagamento. "Não é a primeira vez que isso acontece com o HPA", reforça. O desembargador do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT4) Francisco Rossal de Araújo determinou que o hospital priorize o pagamento dos salários atrasados aos trabalhadores ao recebimento dos valores dos repasses devidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de cerca de R$ 800 mil.

A defesa da AFMPA reconheceu que as dívidas do hospital totalizam R$ 532 mil em salários e assumiu o compromisso de quitar os valores assim que o governo federal repassar os valores devidos pelo SUS. A defesa da associação também informa que aguarda repasses da Prefeitura.

O secretário Mauro Sparta, no entanto, afirma que a Prefeitura não tem convênio com o hospital. "Durante o período mais agudo da pandemia, fizemos uma requisição de serviços, que foi em conjunto com a direção do hospital. Eles estavam quase fechando, estavam com dificuldades. Não temos contrato regular com eles", observa.

Conforme Sparta, o acordo com a Prefeitura era para atender pacientes do SUS em leitos clínicos e UTI. "Sempre pagamos regularmente, até começamos a pagar antecipadamente, porque sabíamos das dificuldades. Mas agora essa reunião (de mediação) nem estava sabendo", afirma.

Desde 2017, a instituição é administrada pela AFMPA, que assumiu o negócio em meio a uma rede de dívidas trabalhistas e dificuldade na manutenção dos atendimentos.


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