Sem previsão de cronograma de cursos para cobradores, decreto causa indignação entre rodoviários

Sem previsão de cronograma de cursos para cobradores, decreto causa indignação entre rodoviários

Decisão da Prefeitura autoriza a circulação de ônibus sem a presença de cobradores

Felipe Samuel

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A publicação em edição extra do Diário Oficial do decreto que institui o programa de extinção gradativa da função de cobrador nos ônibus da Porto Alegre gerou revolta entre os rodoviários. O decreto da prefeitura, publicado hoje, autoriza a circulação de coletivos sem a presença de um profissional do tipo, mas não prevê a oferta de cursos de qualificação para todos os cobradores. O Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Porto Alegre (Stetpoa) critica a medida e diz que o prefeito Sebastião Melo "traiu a categoria".

Ao tomar conhecimento do decreto, o Stetpoa orientou os rodoviários a não assinar nenhum tipo de aditivo de contrato. O presidente da entidade, Sandro Abbáde, afirma que a manobra provocou indignação na categoria. "Nenhum trabalhador deve assinar nenhuma diferença de contrato porque o Melo só pode fazer isso através de um contrato ou um de assembleia do sindicato aprovando isso, o que a gente não vai fazer. Porque já foi traição não dar o curso para os trabalhadores, uma traição fazer um decreto de ontem para hoje sem consultar o sindicato", dispara.

Com a medida da prefeitura, o responsável pelo controle do embarque e cobrança de tarifa passa a ser o motorista. "Nos causa estranheza que de ontem para hoje o prefeito faz um decreto de próprio punho desdizendo tudo aquilo que foi aprovado e votado na Câmara de Vereadores. Não vai dar curso e as empresas podem colocar os ônibus sem cobrador o dia inteiro. Portanto elas podem botar o cara pra rua também sem precisar se aposentar", reforça. A categoria diz que a decisão encerra o diálogo entre a categoria e a prefeitura.

Abbáde alerta que nenhum motorista deve assinar aditivo no contrato de trabalho sob pena de prejudicar os cobradores. "Assinando algum aditivo no seu contrato de trabalho, ele está sentenciando o colega cobrador. Por exemplo a Carris, como é uma empresa pública, o Melo não vai conseguir botar ônibus sem cobrador", destaca. Para os rodoviários, a decisão da prefeitura causa um problema muito grande para a categoria. "Se largar ônibus sem cobrador, o Melo vai estar causando uma fatura muito grande para a cidade", afirma.

Conforme o decreto, as concessionárias do serviço de transporte coletivo por ônibus e a Companhia Carris Porto-alegrense (Carris) deverão implantar meios que otimizem o pagamento e o controle da cobrança tarifária no prazo de até 90 (noventa) dias a partir da publicação do decreto.

Em nota, a  Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informa que está definindo a operacionalização com as empresas de ônibus e informará como será o atendimento sem cobradores. Conforme a EPTC, nos próximos dias serão divulgadas as linhas que vão circular. "A retirada dos profissionais será gradual, prioritariamente em linhas com número reduzido de passageiros", finaliza a nota.


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