Semana da pessoa com deficiência tem Pedalada da Diversidade em Porto Alegre

Semana da pessoa com deficiência tem Pedalada da Diversidade em Porto Alegre

Evento aconteceu na manhã deste domingo; a largada aconteceu da Usina do Gasômetro

Franceli Stefani

O ponto alto da Pedalada da Diversidade foi quando o grupo acessou o túnel da Conceição

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Dentro da 25ª Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, a manhã deste domingo foi de Pedalada da Diversidade, que reuniu dezenas de pessoas na concentração na Usina do Gasômetro, na área central de Porto Alegre. O céu azul e a temperatura amena fez com que famílias inteiras se engajassem no evento, organizado pela Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas Portadoras de Deficiência e de Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders), em parceria com as demais entidades. Com apoio da Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), eles passearam por ruas e avenidas durante cerca de uma hora.

Conforme a professora de Educação Física da Faders, Claudia Alfama, a pedalada reuniu diversas entidades. “A saída foi pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, entre aos pontos que passamos está a Loureiro da Silva, Rótula das Cuias e Avenida Mauá. O ponto alto foi que, pela primeira vez, estivemos dentro do túnel da Conceição, a pedido da Associação de Cegos do Rio Grande do Sul (Acergs)”, destacou. Quem abraçou a iniciativa teve momentos emocionantes durante todo o caminho. “Eles puderam ter a sensação do sol, no túnel o som é diferente, a sensação lá dentro é única.” Durante todo o percurso teve audiodescrição. Na abertura do evento, houve a participação de intérpretes de língua de sinais.

O coordenador do grupo de ciclismo da Acergs, Rafael Martins dos Santos, disse que o evento alcançou a transversalidade e reuniu em uma única ação a questão de gênero, étnica e a luta que é ser mulher. A deficiência foi tratada em diversos recortes. Há 10 anos frequentando a associação, conta que passou a participar quando a perda da visão ficou mais severa. Hoje, ele consegue ver uma “grande massa” e a silhueta das pessoas em sua frente. “É um processo muito doloroso, mas temos vários exemplos de pessoas que passaram pelo luto e acharam solução. Eu pedalava antes, quando voltei foi uma alegria muito grande. Essa atividade vem mostrar que não é tabu um deficiente visual pedalar.”

Ele conta que há quatro anos um grupo da Acergs percebeu que era possível subir em uma bicicleta e redescobrir o prazer de andar pelas ruas e avenidas da cidade. “Foi libertador. Fizemos a primeira pedalada e foi uma alegria enorme poder sair às ruas, recebendo a informação do que há no espaço público, onde cruza uma rua com a outra, que não temos a noção, muitas vezes, ao passar de carro ou ônibus”, detalhou. Além de ser um exercício físico, mesmo que de baixo impacto, faz com que os participantes experimentem sensações. “A gente sente o vento batendo no rosto na revitalizada orla, tem a questão sensorial do túnel, que é uma grande caixa acústica, também o passar por cima do viaduto da Conceição. É incrível”, enfatizou. Cerca de 20 bicicletas duplas estiveram na Pedalada da Diversidade.

Momento de interação e informação

Para a vice-presidente da Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (Ame), Bruna Rocha Silveira, o momento serviu também para sensibilizar a comunidade e explicar que é possível ter uma vida bacana mesmo tendo sido afetado pela doença. Disseminar a informação, em sua visão, é fundamental. O representante da prefeitura de Porto Alegre, Jorge Brasil, enalteceu a importância do esporte na vida de cada um. “Ele tira qualquer diferença que possa existir entre as pessoas”, frisou.

De acordo com o presidente da Faders, Marco Antônio Lang, o Marquinho Lang, desde que a Semana Estadual da Pessoa com Deficiência iniciou, no dia 21, são várias atividades e entidades engajadas. A programação segue até o próximo dia 28.

“Nosso principal intuito é interagir com a sociedade e articular para que tudo o que ocorra aqui possa ser levado para outros locais, outras cidades e municípios”, destacou. Entre os encaminhamentos já obtidos está a possibilidade do Rio Grande do Sul ser o primeiro Estado a ter no currículo do profissional da área de segurança a abordagem com cidadania. Marquinho explica que é a maneira correta de abordar a pessoa portadora de alguma deficiência, autismo, cega ou surda sem ter, muitas vezes, o domínio da comunicação. “O servidor vai se deparar e não conseguirá, de repente, estabelecer um diálogo. Isso é seria um grande ganho. Temos muitos outros projetos que trabalhamos durante a semana”, ressaltou.


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