Servidor é afastado após denúncia sobre falsa aplicação de vacina anticovid em Porto Alegre

Servidor é afastado após denúncia sobre falsa aplicação de vacina anticovid em Porto Alegre

Profissional admitiu ter usado uma seringa vazia ao "vacinar" a paciente

Felipe Samuel

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A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afastou um servidor do setor de vacinação da Unidade de Saúde Modelo, no bairro Santana, após denúncia de falsa aplicação de vacina contra o coronavírus. A psicóloga Aide Knijnik Wainberg, que se deslocou à unidade para receber a segunda dose do imunizante, alega que o profissional nada injetou em seu braço, uma vez que a seringa estava vazia. Ao perceber a reação da paciente, o servidor admitiu não ter injetado o imunizante e pediu desculpas. Em seguida, aplicou a dose no outro braço. 

Na terça-feira, acompanhada de uma amiga que também se vacinou na unidade, Aide relata que notou imediatamente que não havia vacina na seringa. "Virei e lancei um olhar de fúria. Ele começou a se desculpar, enquanto um colega ficou olhando. E disse que agora 'vai estar certo'", afirma. De acordo com a psicóloga, o funcionário justificou estar estressado e confuso. "Não tinha fila, não havia ninguém, estava tranquilíssimo", afirma. No braço que recebeu a falsa vacina, Aide sentia dor e apresentava hematoma.

Aide integra grupo de 500 psicólogos com inscrição ativa, residentes em Porto Alegre e com mais de 70 anos que vai receber as doses do imunizante. Após passar pela situação constrangedora, Aide disse que ficou desorientada, mas decidiu denunciar o caso à SMS e ao Conselho Regional de Enfermagem do RS (Coren-RS). "Não acredito que no momento que estamos vivendo hoje, de terror, ainda tenha esse tipo de comportamento. É uma questão de solidariedade, de ética", assinala. "Isso gera insegurança total e preocupação", completa. O Coren-RS informa que recebeu a denúncia e vai avaliar o caso.

Erro

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que apurou as circunstâncias e constatou que "houve um erro de aplicação que foi imediatamente percebido, admitido e resolvido" pelo aplicador diante da pessoa que recebeu a vacina. "Ao fazer a sucção do final do frasco, houve entrada de uma quantidade ínfima de ar na seringa. O aplicador percebeu ao aplicar a vacina", completa a nota.

A SMS informa que o servidor foi afastado da função e agora atua na área administrativa. De acordo com secretaria, no ato, o aplicador comunicou à pessoa que estava sendo vacinada e repetiu o procedimento diante dela, em outro braço, "mostrando claramente a seringa" com o conteúdo a ser aplicado. A SMS garante que, conforme relato das equipes de saúde presentes naquele momento, a pessoa que foi vacinada entendeu o acontecido e deixou o local sem que houvesse qualquer atrito.

A secretaria justifica que a quantidade preconizada para injeção desta vacina é insuficiente para provocar problemas de injeção de ar na corrente sanguínea. E informa que todas as equipes de vacinação receberam treinamento de qualificação para esta campanha. "Neste caso, único que sem tem notícia, o aplicador agiu imediatamente para corrigir a situação e assegurar a imunização com segurança", conclui a nota.


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