STF tem maioria para manter decisão sobre suspeição de Moro

STF tem maioria para manter decisão sobre suspeição de Moro

Ministros rejeitaram argumento de que pedido da defesa de Lula estaria extinto após anulação de condenações

R7

Mendes pautou a votação do processo sobre Moro

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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta quinta-feira para aceitar um recurso da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que acaba confirmando a decisão da Segunda Turma da Corte sobre a parcialidade do ex-juiz Sergio Moro em processo sobre o tríplex do Guarujá.

A maioria dos juízes derrubou decisão do ministro Edson Fachin que, ao anular as condenações de Lula considerando que a 13ª Vara Federal de Curitiba não era competente para conduzir processos não relacionados aos desvios na Petrobras investigados pela Lava Jato, declarou também a "perda de objeto" do pedido da defesa do ex-presidente sobre a parcialidade de Moro. Ou seja, a extinção do pedido, uma vez que as condenações de Lula foram anuladas, segundo o entendimento de Fachin.

Um dia após a anulação das condenações, o presidente da Segunda Turma do STF, ministro Gilmar Mendes, pautou a votação do processo sobre Moro, que estava parado com ele em razão de um pedido de vista. Por 3x2, Moro foi considerado suspeito, o que significa que teria agido sem isenção, de forma premeditada para condenar o réu.

A defesa do ex-presidente quis manter esse julgamento, apesar de o STF já ter confirmado na semana passada a decisão de Fachin que anulou as condenações do ex-presidente e torna Lula elegível novamente. A estratégia da defesa se dá porque, caso Moro seja definitivamente considerado suspeito pela Corte, ficam anuladas não só a condenação referente ao tríplex - que pode ser estendida à do sítio de Atibaia -, mas também as provas produzidas ao longo dos processos, como interrogatórios e apreensões.

Dessa forma, com a transferência das ações judiciais de Lula de Curitiba para outra vara, novos juízes terão de começar os processos do zero. Isso afasta a possibilidade de uma nova condenação no curto prazo. Mais cedo nesta quinta, os ministros decidiram também que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), no Distrito Federal, herdará os processos de Lula.

Julgamento

Nesta quinta, o ministro Edson Fachin votou por manter sua decisão de extinguir a ação da defesa de Lula pela suspeição de Moro. Ele defendeu que se trata de um desdobramento da anulação das condenações. ”A consequência é a extinção do habeas corpus sem julgamento do mérito”, disse.

O ministro Gilmar Mendes divergiu e afirmou que a anulação não "esvazia" o pedido da defesa em relação à suspeição de Moro. Gilmar disse ainda que chegou a propor na Segunda Turma, em 2018,  que o tema fosse ao plenário, e criticou o ministro Edson Fachin por fazê-lo agora, após sua decisão monocrática sobre as condenações de Lula. Gilmar: "A turma manteve a matéria ali, com voto do ministro Fachin. Ou seja, ficar trazendo o tema para o plenário não fica bem. Não é decente. Não é legal. É um jogo de falsos espertos", disse.

O ministro Nunes Marques acompanhou Gilmar Mendes.


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