Superação, inclusão e despedida marcam corrida dos 250 anos da Capital

Superação, inclusão e despedida marcam corrida dos 250 anos da Capital

Corredores fizeram prova conduzindo triciclos adaptados

Felipe Nabinger

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Nem só o prazer de correr junto de cartões-postais de Porto Alegre em um domingo de sol marcou a 18ª Corrida do Aniversário de Porto Alegre, que integra as celebrações dos 250 anos da Capital. Foi uma prova que mostrou também superação. Integrantes do grupo Rosto ao Vento, fundado em 2016, participaram da corrida com 15 crianças e adultos cadeirantes. Eles correram conduzindo triciclos adaptados, promovendo a inclusão das pessoas com deficiência.

O casal Rômulo Teixeira Brum e Kizy Silva Chaves, correram a prova de três quilômetros junto aos filhos gêmeos Pedro e Miguel, 9, respectivamente. “Dá uma energia as pessoas gritando e motivando a gente. É um caminho longo pela valorização das pessoas com deficiência”, afirmou Brum. “Temos um grupo grande de pais que correm com as crianças. Todo mundo se encontra no mesmo objetivo de levar as crianças para ter essa sensação do rosto ao vento”, completa Kizy. Eles participam há dois anos do projeto. “Foi muito legal. Ganhamos medalha e passamos muita gente”, celebrou Pedro.

Não houve uma categoria especial para os cadeirantes. Conforme o coordenador do grupo, o educador físico Fernando Falavigna Vianna, essa possibilidade chegou a ser aventada pela organização do evento, mas eles optaram por correr junto aos demais. “Eles se apegam a emoção das pessoas gritando para eles. Quando eles vêm que estão ultrapassando os outros e na chegada, com os aplausos, eles sentem a energia e ficam com um sorriso no rosto”, garante.

Vianna explica que a ideia de formar o grupo veio após a leitura do livro “Devoção”, que conta a história do norte-americano Rick Hoyt e do primeiro triciclo adaptado nos EUA. “Pesquisei como comprar os triciclos e descobri que já havia um grupo em São Paulo, o Pernas de Aluguel. Falei com o pessoal e eles me deram as dicas”, relembra.

Hoje, o Rosto ao Vento conta com mais de 30 cadeiras. Os participantes são voluntários e a entidade não tem fins lucrativos. Os interessados em participar ou ajudar por meio de doações para aquisição dos triciclos adaptados podem entrar em contato através do telefone (51) 98911-8970 ou do e-mail rostoaovento@gmail.com. 

Outro destaque ficou por conta do corredor mais velho inscrito no evento. João de Jesus Cunha,90, já participou de diversas maratonas ao longo da vida, como a do Rio de Janeiro, em 1987. Ele completou o percurso de 5 km e, na reta final, encontrou o filho, Rogério Guello,  58. Guello recebeu um transplante de medula há três meses. “Escolhi fazer minha última corrida no aniversário da minha cidade. Foi muito emocionante correr ao lado do meu filho”, declarou. “Essa corrida é um momento de comemorar a longa vida do meu pai e uma nova vida para mim”, declarou o filho.


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