Taxa de ocupação em leitos de UTI adulto passa de 70% em Porto Alegre

Taxa de ocupação em leitos de UTI adulto passa de 70% em Porto Alegre

Atualmente, a lotação média chega a 72,16%, sendo 25 pacientes com suspeita do novo coronavírus e 33 confirmados

Jessica Hübler

Os dados são do Dashboard de monitoramento das UTIs de Porto Alegre, disponibilizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS)

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A taxa de ocupação de leitos das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto na Capital aumentou 8,31% de 14 de abril até 6 de maio. Atualmente, a lotação média chega a 72,16%, sendo 25 pacientes com suspeita do novo coronavírus e 33 confirmados. O hospital que atende o maior número de pacientes com a Covid-19 é o Hospital Nossa Senhora da Conceição, que é um dos hospitais referência para atendimento da doença em Porto Alegre, com 11 pacientes confirmados e quatro suspeitos.

No outro hospital referência, o Hospital de Clínicas, são atendidos seis casos confirmados e dois suspeitos. Nenhum dos hospitais apresenta lotação máxima dos leitos de UTI adulto, até o momento. Do total de 607 leitos operacionais, 13 estão bloqueados por motivos diversos e 438 pacientes são atendidos. A maioria dos casos não possui relação com o novo coronavírus. Até a noite de ontem, 58 pacientes confirmados ou suspeitos estavam internados em UTIs adulto da Capital, o que representa 13,24% do total de pacientes internados. Os dados são do Dashboard de monitoramento das UTIs de Porto Alegre, disponibilizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS).

Um dos pacientes que estava internado na UTI adulto do Hospital Nossa Senhora da Conceição era o gerente financeiro e lutador de jiu jitsu, Lucas Santos, de 30 anos. No final da tarde de terça-feira, dia 5 de maio, ele teve alta. Lucas foi internado no dia 22 de março pela emergência, no mesmo dia à noite, foi transferido para a UTI, onde permaneceu até 27 de abril.. A prima dele, Gabriela dos Santos Marques, foi até o hospital para buscá-lo. “Nosso reencontro foi bem emocionante, a gente estava com muita saudade”, contou.

Foi Gabriela quem levou Lucas até o hospital. Ela contou que ele estava com falta de ar naquele 22 de março, mas aparentemente estava bem. No outro dia, quando retornou ao hospital para pedir por notícias do primo, ela recebeu uma notícia inesperada. “Não sabia que ele seria transferido para a UTI tão rápido, o médico disse que o estado dele era gravíssimo, naquele momento me deu medo de perdê-lo”, lembrou.  

Ao longo de todos os dias da internação de Lucas, Gabriela era a porta-voz da família. Por conta da quarentena, a combinação foi essa: ela iria até o hospital e repassaria as informações aos demais parentes. E foi isso que consolidou a união da família, durante o enfrentamento desse desafio. “Isso uniu as pessoas, todos os dias fazíamos uma corrente positiva, no mesmo horário, desejando que ele ficasse bem. Agora fica como resultado a união de todos”, disse.

A enfermeira Giovana Paggiarin Skonieski, que atende no 3º B1, área de atendimento exclusivo para pacientes com o novo coronavírus no Hospital Nossa Senhora da Conceição, disse que muitas vezes a equipe se torna parte da família dos pacientes. “Para nós tem sido emocionante, como foi agora a alta do Lucas, poder contar que essas pessoas depois de tanto tempo de internação, estão conseguindo voltar às suas casas”, afirmou.

Conforme Giovana, o Lucas é um atleta, tem fome de viver e quer voltar ao condicionamento físico dele. “Procurei explicar que ele vai voltar ao condicionamento dele, mas tudo tem um tempo. Ele permaneceu 30 dias em entubação”, explicou. Aos poucos, segundo ela, ele conseguiu progredir até ficar em pé e retornando à condição que ele tinha. “Tenho certeza que ele vai ficar muito bem, porque ele também tem essa garra e essa vontade de viver. Acho que isso é o principal, temos grandes exemplos de sucesso”, reiterou.

Levando em consideração os dados do Rio Grande do Sul como um todo, de acordo com o monitoramento de leitos UTI adulto da Secretaria Estadual da Saúde (SES), a taxa de ocupação é de 69,8%. Dos 1.719 leitos, 1.200 estão ocupados. A maioria dos pacientes (1001), o que representa 83,41% das internações, não está entre os casos suspeitos ou confirmados da Covid-19.

Até a noite de ontem, pelo menos 95 pacientes com diagnóstico positivo para o novo coronavírus eram atendidos em leitos de UTI adulto no Estado. Além deles, pelo menos 104 casos suspeitos também estão internados nas UTIs. No total, 199 pacientes, confirmados ou suspeitos, ocupam leitos de UTI no Estado, o que representa 16,58% da ocupação.

Governo lançou site com taxa de ocupação de leitos em tempo real

A adesão da população ao novo modelo de distanciamento controlado, que deve entrar em vigor a partir da próxima segunda-feira, dia 11 de maio, vai depender, entre outros fatores, da compreensão sobre as regras e os números que levam o governo a adotar diferentes níveis de restrição. Para contribuir com a transparência das informações, o Estado lançou, ontem, o Mapa dos Leitos.

“Como um dos principais números utilizados no nosso modelo é o de taxa de ocupação de leitos, sejam clínicos ou de UTI, nas redes pública e privada, apresento a vocês essa nova ferramenta, que é o monitoramento da capacidade de atendimento, tanto instalada quanto em uso”, anunciou o governador Eduardo Leite na transmissão diária pelas redes sociais de ontem. Desenvolvido pela Secretaria de Governança e Gestão Estratégica (SGGE) e Secretaria da Saúde (SES), com respaldo técnico da Procergs e colaboração da equipe da Digital Business, o painel (dashboard) mostra os dados registrados por 295 hospitais gaúchos em tempo real sobre ocupação dos leitos, respiradores e pacientes confirmados ou não com Covid-19, bem como uma visão temporal, com a evolução da taxa de ocupação por data, desde abril.

Além dos percentuais, o site identifica o nível de ocupação através de cores: verde (até 60% dos leitos ocupados), amarelo (até 80%), vermelho (até 100%), roxo (mais de 100%) e cinza (não informado). As cores e o respectivo detalhamento de dados podem ser visualizados em três divisões: a situação geral (média) de todo o do Estado, de cada uma das sete macrorregiões (Metropolitana, Serra, Vales, Sul, Norte, Missioneira e Centro-Oeste) e das 20 Regiões da Saúde, subdivisão que será usada no novo modelo de distanciamento.

A secretária adjunta da SGGE, Izabel Matte explicou que essa ferramenta foi solicitada pela Secretaria da Saúde para que o governo tivesse um sistema de monitoramento de leitos para controle e adequação das estratégias, bem como envio de recursos e materiais. “Desenvolvemos um sistema no qual os hospitais fazem suas atualizações de capacidade instalada e de ocupações, nós consolidamos e apresentamos, de forma que pode ser consultado por toda a população”, descreveu Izabel.

Karen Lopes, diretora de Sistemas Transacionais, acumulando a Diretoria de Soluções Digitais da Procergs, acrescentou durante a transmissão que o sistema é responsivo, ou seja, se adapta a qualquer tela, seja do celular, tablet ou computador. “Desde o início desta gestão, viemos tentando gerar um governo digital, com serviços que estejam na palma de mão de qualquer cidadão. Com isso, já temos 440 serviços digitais e esse (Mapa dos Leitos) passa a ser mais um serviço digital, muito importante, porque a população pode ter acesso às informações em tempo real”, afirmou a diretora.


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