Taxistas buscam alternativas para enfrentar crise com falta de passageiros em Porto Alegre

Taxistas buscam alternativas para enfrentar crise com falta de passageiros em Porto Alegre

Ponto da Rodoviária diminuiu a frota de 400 veículos para 100 e instituiu um rodízio

Cláudio Isaías

Táxis de Porto Alegre enfrentam crise devido a redução de circulação da população pela cidade

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A redução da circulação de pessoas em locais como a Estação Rodoviária de Porto Alegre, o Porto Alegre Airport - Aeroporto Internacional Salgado Filho, shoppings e lojas, mesmo que no Centro Histórico tenha aumentado a presença de público em função da reabertura das lojas - segue sendo apontada pelos taxistas como os principais fatores da crise causada no setor pela Covid-19.

No ponto de táxi localizado no Largo Vespasiano Júlio Veppo, no Centro Histórico, a categoria decidiu adotar uma medida para enfrentar o período de ausência de passageiros. A frota que era composta por 400 veículos, o maior ponto de embarque e desembarque da Capital, foi reduzida para 100 carros. Além disso, os condutores optaram por realizar um rodízio para que todos possam faturar com as corridas.

O taxista Ricardo Sampaio Soares, que atua há quase dez anos no ponto da Rodoviária, disse que desde março diversos colegas estavam pagando para trabalhar. O condutor que trabalha das 7h às 19h afirmou que não tinha visto uma crise como essa no país. Antes da pandemia, ele realizava uma média de 12 a 15 corridas por dia. Na manhã desta quinta-feira, ele havia feito, até às 10h, apenas duas corridas - até os bairros Partenon e Glória. 

No ponto da loja Lebes, na avenida Borges de Medeiros, no Centro Histórico, o motorista João Frederico Machado afirmou que os taxistas do local têm feito corridas curtas. "Não tinha visto, e faz tempo que trabalho como taxista, tantos colegas ao longo do dia realizarem apenas duas ou quatro corridas", ressaltou. Além disso, Machado destaca a concorrência com os aplicativos e a opção do público pelo uso do lotação e do ônibus.

Um levantamento do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi) apontou uma redução de pelo menos 70% na queda de clientes e que pelo menos 50% dos taxistas não estão trabalhando. O presidente do Sintáxi, Luiz Nozari, informou que atualmente a categoria é composta por seis mil taxistas que estão aptos a exercer a função em Porto Alegre, entre permissionários e auxiliares. No entanto, mais da metade da frota está parada por falta de passageiros.

"A situação que estamos vivendo não tem precedentes, é a pior possível. Nossa missão, neste momento é manter-se vivo, além da concorrência com os aplicativos que já judiava da categoria, juntou-se a pandemia", ressaltou.

De acordo com Nozari, os poucos profissionais que estão nas ruas, ganham apenas para comer. "Ninguém mais ganha dinheiro trabalhando em táxi, apenas sobrevive, na esperança de dias melhores", explicou. O aplicativo do Sintáxi, que trabalha com até 50% de desconto, está com falta de carros em muitos horários, talvez, segundo o presidente do sindicato, porque não vale a pena sair de casa, pois muitas vezes o taxista gasta mais do que ganha.


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