Taxistas relatam escassez de passageiros por causa da pandemia em Porto Alegre

Taxistas relatam escassez de passageiros por causa da pandemia em Porto Alegre

Categoria tem ficado no prejuízo e profissionais passam por dificuldades para se sustentar

Gabriel Guedes

Na Rodoviária, taxistas costumam formar três grandes filas para todos terem oportunidade de corridas

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Os taxistas, que estavam começando a superar a crise por causa dos aplicativos de transporte, agora se deparam com a gravidade da situação gerada pelo novo coronavírus. Com a escassez de passageiros, uma das modalidades mais tradicionais de transporte individual em Porto Alegre tem ficado no prejuízo e alguns profissionais passam por dificuldades para se sustentar, segundo o Sindicato dos Taxistas (Sintáxi) da Capital.

Na Estação Rodoviária, onde o movimento costuma ser mais frenético, a calmaria é tanta que os motoristas têm feito de três a quatro corridas por jornada. “Fico até umas quatro horas parado aqui. Quando tem corrida, é curtinha, como ir até a Santa Casa”, contou o taxista Ronaldo Mello, 70 anos, que atua no ramo há 40. “Não tem ônibus aqui, daí não tem passageiros. E dependendo do dia, não paga nem a despesa”, reclamou.

Ainda na Rodoviária, taxistas costumam formar três grandes filas para todos terem oportunidade de transportar as pessoas. Mas quem está no final dela, quase 20 carros de distância dos primeiros, leva quase oito horas para chegar na frente. “Nem naquela época dos apps era assim. Caiu bastante. Mas aqui ainda assim é melhor do que ficar esperando passageiros em outros pontos”, avaliou o taxista Jakson Pereto, 35 anos, que trabalha há 8 anos.

Rodoviária ainda é uma opção para taxistas. Foto: Guilherme Almeida

O diretor administrativo do Sintáxi, Adão Ferreira de Campos, vê o momento atual complicado em toda cidade. Ficar na rua e não ter quem transportar, segundo ele, não é exclusividade de quem está na Estação Rodoviária. “O cenário está cruel. A gente já vive uma situação complicada, recuperando o espaço dos concorrentes. Agora esta crise nos colocou à zero. Chegamos a ficar oito horas num ponto para fazer um ou duas corridas”, relatou.

De acordo com Adão, há colegas em situação bem difícil. “Precisamos de ajuda, mas com falta de arrecadação, nem o sindicato consegue ajudar. O governo poderia nos conseguir umas cestas básicas”, sugeriu. 

Ele também afirmou que os motoristas podem solicitar o auxílio emergencial, mas que ele não conhece quem tenha sido beneficiado ainda pela ajuda. “Esperamos tentar retomar a vida após isso. Tá complicado. Nossa categoria foi atingida em cheio”, lamentou. 


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