Terminal Triângulo segue sem previsão de reforma

Terminal Triângulo segue sem previsão de reforma

Cidadãos alertam para o problema das telhas que estão se desprendendo

Henrique Massaro

Cidadãos alertam para o problema das telhas que estão se desprendendo

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Diariamente, dezenas, centenas, provavelmente milhares de pessoas transitam pelo Terminal Triângulo, na zona Norte de Porto Alegre, para utilizar o transporte coletivo. É um local de serviço público, mas parece terra de ninguém. O contraste pode ser percebido logo de cara desde o mau cheiro, no subsolo, passando pelos elevadores estragados até chegar ao terminal propriamente, onde parte do telhado foi levada por temporais há, pelo menos, três anos. Não há previsão de reparo para nenhum dos problemas.

Logo ao descer as escadas para o subsolo, uma explosão de cores revela que, apesar de faltar estrutura e investimentos, sobra vida no terminal. Os grafites tomam conta de todas as paredes e não deixam um pedaço sequer descolorido. Há, em meio aos desenhos, uma série de pichações, além de uma frase impressa em papel e colada em alguns cantos que começam a mostrar o estado de abandono: “Aqui não é banheiro”.

A afirmação é anexada como forma de aviso a quem passa pelo terminal, mas, mais do que isso, é um pedido. O motivo é que o local é muitas vezes utilizado como se fosse um banheiro, algo que é facilmente percebido pelo cheiro de urina que exala no subsolo. É para esse ambiente de escuridão subterrânea quebrada pelas cores vivas das paredes e a essa movimentação frenética misturada à sujeira que o músico Ronaldo Dotto se dirige diariamente há seis meses.

Além de morar perto do Terminal Triângulo, localizado na avenida Assis Brasil, no bairro Sarandi, a estrutura física do subsolo do terminal dá a ele a acústica procurada para tocar seu repertório, composto por sucessos da música popular brasileira. Todos os dias, ele abre a caixa do violão e ali, enquanto toca e canta, recebe contribuições dos passageiros, reproduzindo uma cena já tradicional em estações metroviárias ao redor do mundo. Ele comenta que o local precisa de modificações, como nos elevadores e, principalmente, com relação ao cheiro, mas não reclama. “Tocando, a gente não sente nada.”

Ao sair do túnel que atravessa uma das faixas da Assis Brasil, a superfície do triângulo dá uma visão ampla da quantidade de pessoas que circulam por ali. Entre os passageiros, uma série de vendedores de lanches com suas carrocinhas se espremem, deixando livres alguns espaços de tamanho considerável. Ao olhar para cima, o motivo é logo compreendido: o telhado, ou a falta dele. Um temporal em 2014 danificou a estrutura e até hoje o terminal está parcialmente descoberto.

“Acho que o principal problema é que está voando, as telhas estão soltas”, comenta o vendedor Douglas Ferreira, ao dizer que, depois do incidente de três anos atrás, outros temporais seguiram estragando a estrutura. De acordo com ele, que comercializa lanches no local há dois anos, sempre que chove ocorrem alagamentos e os produtos ficam molhados. “Parece um arroio”, define o também vendedor Renato De Conti, que trabalha no Triângulo há cerca de um ano.

Os vendedores, no entanto, conseguem pelo menos encontrar locais que são protegidos para se instalar. Mas quem não tem sequer essa escolha são os passageiros de algumas das mais de 30 linhas de ônibus que saem de pontos descobertos do terminal. Usuária da linha T1, Vanessa Alves conta que já se molhou diversas vezes em dias de chuva enquanto aguardava pelo transporte. Ela já utiliza esse coletivo há dois anos para ir trabalhar e não entende o motivo do problema não ter sido reparado. “Não acredito que seja por falta de tempo”, comenta.

A prefeitura de Porto Alegre, através da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), apenas informou que a situação dos elevadores e do telhado do Terminal Triângulo não tem previsão de conserto.

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