Transporte público não é fator de risco na pandemia, afirma ATP

Transporte público não é fator de risco na pandemia, afirma ATP

Entidade divulgou protocolo de medidas para garantir embarque seguro de passageiros

Henrique Massaro

Álcool gel nas entradas e saídas dos ônibus é uma das medidas

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A Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATPPOA) informou nesta terça-feira que, desde o início da pandemia de coronavírus, nenhum colaborador foi afastado por atestado de Covid-19. A entidade, baseada em uma pesquisa realizada com parte dos funcionários das empresas e sustentada por outros estudos que vêm ocorrendo no Brasil e no mundo, acredita que, ao contrário do que se dizia no início de março, o transporte coletivo não representa um risco considerável de infecção. Foi divulgado, ainda, um protocolo de 14 medidas para garantir o embarque seguro de passageiros.

Em uma pesquisa feita com o Sest/Senat, a Associação testou 5% da população ativa – 72% cobradores e 28% motoristas -, que, desde início da pandemia, atenderam individualmente, em média, 14 mil pessoas. Foram 90 testes realizados e zero casos de coronavírus detectados. Até o dia 12 de junho, também não houve afastamentos por atestado de Covid-19. “Esse resultado, na verdade, representa somente uma questão: que todos os estudos, pesquisas e evidências que o mundo vem nos apresentando durante a pandemia não têm nada a ver com o que foi apresentado antes, ou seja, o transporte publico como local de risco”, afirmou o engenheiro de Transporte da ATP, Antônio Augusto Lovatto.

Ele citou, por exemplo, uma pesquisa feita com 1,3 mil pessoas com coronavírus e divulgada no início de maio pelo governador de Nova York, Andrew Cuomo, que mostrava que 66% dos infectados no estado estavam em casa e somente 4% no transporte coletivo. Houve ainda um trabalho elaborado pela CityLab, que, entre maio e junho, não encontrou presença de Covid-19 nos transportes da França e do Japão. Outro estudo mencionado foi o de prevalência do vírus conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), que em maio informou que há um infectado para cada 500 habitantes.

A ATP ainda explicou todas as medidas que fazem porte do seu protocolo de embarque seguro, que foram ajustadas ao longo da pandemia. Elas envolvem a ventilação de todos os ônibus com vidros abertos, a higienização completa dos coletivos, utilizando produtos de limpeza hospitalar, nas garagens e no Centro de Porto Alegre. Também ocorreu a obrigatoriedade do uso de máscaras, a disponibilização de álcool gel, a aplicação de vacina trivalente para todos os colaboradores no mês de abril, a medição de temperaturas nas garagens e a testagem para Covid-19.

Do ponto de vista da tecnologia, a Associação informou que passou a estimular o uso do cartão TRI, a recarga expressa - disponível em até 30 minutos - e o uso do GPS, que permite que a pessoa saiba o horário de se dirigir à parada e evite aglomerações. O protocolo envolve ainda a fiscalização e auditorias realizadas pela EPTC, a elaboração de um manual de prevenção da Covid-19 e campanhas de prevenção.

Outra medida tomada pela ATP, ainda no início da pandemia, foi afastar pessoas com mais de 60 anos, diabéticos e gestantes. Nos primeiros 30 dias, houve entre 20 e 40 afastamentos, por precaução, de funcionários com sintomas respiratórios, como rinite, sinusite ou pneumonia. “Até o momento, é um cenário de muita tranquilidade com relação aos trabalhadores que atuam na operação dentro dos ônibus”, disse o médico do trabalho Ricardo Moreira Martins. Durante os três meses de pandemia, foram transportados 12,3 milhões de passageiros, 40% do público no mesmo período no ano passado. Ao todo, 700 ônibus estiveram em operação, 50% do total no período em 2019.


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