UFPel explica divergência com plano do governo do Estado

UFPel explica divergência com plano do governo do Estado

Comitê que estuda o avanço do vírus no RS alega que defesa do isolamento é opinião embasada em dados científicos, sem considerar fator político

Jessica Hübler

Flexibilização do isolamento foi criticado pro comitê da UFPel

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Após manifestar contrariedade ao relaxamento das medidas de isolamento social adotadas no Rio Grande do Sul, o Comitê Interno para Acompanhamento da Evolução da Pandemia por Coronavírus da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) informou que a posição foi embasada exclusivamente em dados científicos, sem levar em consideração o cenário político. 

Para o pró-reitor de Assuntos Estudantis, presidente do Comitê da UFPel, Mário Renato de Azevedo Junior, a divergência decorre da falta de dados sobre a capacidade de ampliação e atendimento hospitalar, assim como a testagem em massa da população. “A ideia de flexibilização nos preocupa sem que alguns critérios sejam usados como a demanda hospitalar, pois as informações sobre leitos e capacidade de atendimentos são fortes fatores para a letalidade da doença”, adverte.

Em meio aos estudos, o próprio governo gaúcho encontrou dificuldades para obter dados, em tempo real, sobre a capacidade de atendimento hospitalar no Rio Grande do Sul. Os números específicos não foram repassado para a UFPel. “A decisão política considera outros fatores, além dos dados científicos. Certamente, nós somos uma pequena parte deste processo todo. Eu posso imaginar que a nova decisão do estado levou em conta a capacidade para instalação de a estrutura hospitalar, que a gente não teve. Se o governo detém essa informação, isso muda bastante a opção dele de mudar a posição”, menciona.

Leite afirma que não é possível manter a restrição por um longo período

Em entrevista coletiva virtual realizada nesta quarta-feira, o governador Eduardo Leite manifestou respeito pela decisão contrária da UFPel e ainda afirmou que o confinamento seria o melhor remédio, caso outros fatores não tivessem que ser levados em consideração. "Eu respeito e acho que do ponto de vista epidemiológico, olhando somente para diminuir contágio, melhor seria não só distanciamento, seria confinamento, melhor seria que as pessoas não saíssem de casa nunca, esse seria o ideal para que o vírus não se espalhasse, mas não é possível adotar isso e não é possível também manter por longo período o rigor da restrição que se impôs até aqui”, destacou.

Conforme Leite, é preciso encontrar um equilíbrio entre o distanciamento e a atividade econômica, se não os efeitos colaterais, de fato, poderão se tornar mais graves do que a própria transmissão do vírus. “A universidade olha com olhares de quem está pensando apenas no índice de transmissão, é uma árvore dentro da floresta, o governador precisa olhar a esta árvore, junto de outras árvores, e no contexto, cada uma delas, da floresta inteira, e é dentro deste espírito que nós estamos adotando e migrando para um processo de distanciamento controlado, buscando ao máximo reduzir a transmissão do vírus, para que este tratamento não gere um volume de transtornos tão grandes que fica difícil de sustentar junto à população as medidas restritivas."


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