UPAs de Porto Alegre operam com lotação acima de 200%

UPAs de Porto Alegre operam com lotação acima de 200%

Com aumento dos atendimento por síndrome gripal, prefeitura estuda ampliar o número de leitos

Felipe Samuel

A Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar tinha 46 pacientes em observação e lotação de 270,59%

publicidade

O aumento da procura por atendimento de pacientes com síndrome gripal mantém os serviços de urgência e emergência pressionados em Porto Alegre. As unidades de pronto atendimento da Bom Jesus, Cruzeiro do Sul, Lomba do Pinheiro e Moacyr Scliar operam acima da capacidade nesta quinta-feira. Por conta desse cenário, a prefeitura estuda ampliar o número de leitos de enfermaria.

Conforme a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o Pronto Atendimento da Bom Jesus (PABJ), que tem sete leitos, tem 26 pacientes em observação e a maior taxa de ocupação, com 371,43% de lotação. O Pronto Atendimento da Lomba do Pinheiro (PALP) também opera acima da capacidade, com 25 pacientes e lotação de 277,78%. A Unidade de Pronto Atendimento Moacyr Scliar, na Zona Norte, que conta com 17 leitos, tem 46 pacientes em observação, o equivalente a lotação de 270,59%.

A gerente da UPA Moacyr Scliar, Jaqueline Cesar Rocha, explica que desde abril houve crescimento na demanda de pacientes com sintomas respiratórios. Segundo ela, em março a unidade atendia em média 60 pacientes por dia. A partir da segunda quinzena de abril, a procura por atendimento disparou para 150 pacientes, em média, por dia, com sintomas respiratórios e diagnóstico positivo para Covid-19. "Aumentou a positividade dos pacientes e ao mesmo tempo a gente tem observado, nessas últimas semanas, que os pacientes que precisam internar por sintomas respiratórios, inclusive por Covid-19 que estão positivos, também aumentou muito", alerta.

Transferências mais lentas

Como os casos graves também apresentaram elevação, a transferência dos pacientes têm sido mais lentas. "Os pacientes acabam ficando aqui mais tempo. Com a chegada de novos pacientes, que é constante, isso acaba acumulando. E por isso a gente tem esse problema de superlotação na área de fluxo Covid-19, que são os respiratórios", explica, acrescentando que também houve aumento de pacientes que precisam de internação por conta de outras doenças. Ela destaca que a UPA tem recebido cada vez mais pacientes que não podem ser liberados depois do atendimento médico e que precisam seguir o tratamento em um hospital.

"Isso acaba gerando esse problema de não ter leitos em números suficientes. E esses pacientes acabam ficando dentro da UPA por um período maior do que o que seria indicado", completa. Jaqueline avalia que o cenário atual preocupa tanto gestores quantos os profissionais que atuam na linha de frente das emergências. "A gente vem trabalhando alguns dias com esse cenário de superlotação e uma demanda grande de pacientes que realmente chegam com uma classificação de maior risco e que precisam de um atendimento mais imediato. E isso gera essa preocupação porque a gente não consegue atender adequadamente esses pacientes", relata.

As limitações do espaço físico e o desgaste emocional dos profissionais da saúde também afetam o dia a dia. "Esse cenário que a gente vem trabalhando há vários dias, com três vezes a nossa capacidade, mais ou menos, ocasiona uma sobrecarga na equipe", destaca. "Ficamos com aquela preocupação constante de como atender pacientes que estão chegando, se está faltando espaço ou se tem momentos que eu vou ter equipe pra atender aquele paciente. E isso não é porque faltam profissionais, é porque temos mais pacientes do que deveríamos ter", completa.

Casos de doenças respiratórias têm "aumento massivo"

Coordenador municipal de Urgências da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, Daniel Lenz Faria Corrêa explica que a demanda por atendimento nos pronto-atendimentos aumentou em maio. Após registrar superlotação dos leitos pediátricos na primeira quinzena desse mês, agora as unidades de urgência e emergência enfrentam superlotação. "Muitos pacientes que estão aguardando leitos são da Região Metropolitana, o que já demonstra a falência do sistema na Região Metropolitana e acaba sobrecarregando o município", afirma.

Para evitar a superlotação das unidades de pronto atendimento, Corrêa orienta usuários com sintomas leves a procurarem postos de saúde do bairro em que residem. "As pessoas com casos mais leves, que for só pra testar (contra Covid-19) ou para poder conseguir um atestado para fazer o isolamento, devem buscar as unidades básicas de saúde. Elas estão testando e têm capacidade de fornecer atestado", explica. Ele reconhece que o cenário atual preocupa. "Todas as doenças respiratórias estão aumentando, tanto Influenza, Covid-19 como outros vírus respiratórios. Houve um aumento massivo em todas as questões de vírus respiratórios", frisa.

De acordo com dados da Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), nesta quinta-feira 396 pacientes aguardavam nos pronto-atendimentos ou emergências dos hospitais para internação na Capital. Destes, 51% são moradores de Porto Alegre e 49% de outras cidades. Conforme o secretário municipal de Saúde, Mauro Sparta, a maioria das solicitações para internação (304) é de adultos para leitos de enfermaria.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895