Usuários reclamam das depredações e pichações em viadutos e terminais de ônibus de Porto Alegre

Usuários reclamam das depredações e pichações em viadutos e terminais de ônibus de Porto Alegre

Locais possuem estruturas danificadas, além de escadas rolantes e elevadores estragados

Cláudio Isaías

Locais possuem estruturas danificadas, além de escadas rolantes e elevadores estragados

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O cenário de abandono em viadutos e terminais de ônibus da zona Norte de Porto Alegre chama a atenção de quem circula diariamente pelos locais. Dentre as colocações, os usuários apontam para a falta de limpeza, bancos e grandes de proteção, o não funcionamento de escadas rolantes e elevantes – que impedem a circulação de pessoas com deficiência, por exemplo – e as inúmeras pichações. Esse é o caso do viaduto José Eduardo Utzig – localizado na avenida Benjamin Constant com a avenida Dom Pedro II –, do viaduto jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro – avenidas Carlos Gomes com Protásio Alves – , viaduto Jayme Caetano Braun – avenidas Nilo Peçanha com Carlos Gomes – e do Terminal Triângulo – na avenida Assis Brasil.

No viaduto José Eduardo Utzig, chama a atenção o grande número de pichações e cartazes com propagandas sobre cursos e oferecimento de vagas de emprego. A comerciária Ivete Schmidt, que trabalha em uma loja de eletrônicos na avenida Assis Brasil, afirmou que tanto para o viaduto Utzig quanto para os outros falta uma "boa limpeza" além de uma mudança no visual. "Essas estruturas deveriam estar pintadas há muito tempo. Assim como está não fica uma boa impressão", destacou a comerciária.

A escada rolante localizada próximo de uma delegacia de polícia foi desativada e no seu entorno foram colocados tapumes de madeira. Os usuários reclamam ainda que faltam bancos no viaduto José Eduardo Utzig para acomodação enquanto se espera pelo ônibus.  

No viaduto Jayme Caetano Braun, na avenida Nilo Peçanha, a situação não é muito diferente com estrutura pichadas e depredadas. Dos quatros elevadores, apenas um está em funcionamento. O aposentado Ênio Pereira Mendes lamentou o abandono do local esperava o ônibus da linha T2A. "Esse viaduto está precisando de uma boa revitalização", ressaltou.

Outro problema que chama a atenção é a falta de limpeza nas escadas que permitem o acesso do primeiro para o segundo andar. Na parte superior, três moradores em situação de vulnerabilidade social colocaram camas no setor de embarque e vivem no local há vários meses.

No viaduto jornalista Jorge Alberto Mendes Ribeiro, na rótula da avenida Carlos Gomes com a avenida Protásio Alves, a cobertura da estação de embarque no sentido do Centro/Bairro permanece danificada. Além disso, os ônibus que trafegavam no corredor sofrem com os buracos na pista. Os motoristas em razão das "crateras" no asfalto são obrigados a reduzir a velocidade para evitar prejuízos ao veículo.

A auxiliar administrativa Fátima Coelho, que aguardava pelo ônibus da linha 441/Antônio de Carvalho, afirmou que a reforma das estrutura é extremamente necessária. "Um local como por onde passam muitas pessoas precisa de uma manutenção frequente", colocou. Com relação aos vândalos, que promovem diversas pichações nos viadutos, Fátima Coelho afirmou que eles deveriam ser punidos e além da punição deveriam limpar, lavar e remover as pinturas. "Eles aproveitam que estes locais não são revitalizados para sujar ainda mais os viadutos ", acrescentou. Para as pessoas que circulam nos viadutos da região, a pichação das estruturas virou uma verdadeira "praga". 

Vandalismo em terminais de ônibus

Os terminais da Cairú, da Antônio de Carvalho, do Triângulo, e das praças Parobé e Rui Barbosa, no Centro Histórico de Porto Alegre são locais que sofrem com ações de vandalismo, principalmente as pichações, que acabam por deixar o patrimônio público em péssimas condições. Nestes locais, a principal reclamação dos usuários diz respeito à ausência de bancos para sentar.

Moradora do bairro Rubem Berta, a dona de casa Eliane Quadros esperava em pé pelo ônibus no Terminal da Cairú – localizado na avenida Farrapos entre as avenidas Brasil e Cairú. "A prefeitura poderia colocar bancos para que as pessoas pudessem sentar enquanto esperam o ônibus", destacou.

A mesma reclamação foi feita no Terminal Triângulo, na avenida Assis Brasil. A estudante de Biologia Letícia Ferreira Aquino, moradora do bairro Jardim Lindoia, criticou as pichações existentes na estrutura inferior do terminal e a falta de bancos. “Poderiam colocar mais assentos ao longo da estação, porque muitas vezes a gente vem cansada do serviço ou da aula e gostaria de sentar. Infelizmente, não tem lugar para todo mundo”, acrescentou. Com relação às pichações, a estudante fez questão de frisar que os vândalos fizeram questão de "estragar" e "emporcalhar" o trabalho feito pelos grafiteiros na parte térrea do Terminal Triângulo.

Nos terminais das praças Parobé e Rui Barbosa, os frequentadores reclamaram da sujeira das estações. A vendedora Marina Salvatti defendeu a colocação de bancos ao longo dos terminais de ônibus. “A prefeitura poderia estudar essa possibilidade”, ressaltou. No terminal da avenida Antônio de Carvalho, é possível encontrar cartazes de propagandas fixados na estação. A estrutura que atende linhas dos bairros Partenon e Agronomia e também de Viamão possui bancos para que os passageiros possam sentar. No entanto, a reclamação é que poderiam ser colocados mais assentos. No terminal da Antônio de Carvalho chama a atenção um cartaz colocado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) com a mensagem: "Para afastar os pombos, não os alimente".  

O Terminal Triângulo, que ficou cinco anos sem a cobertura, recebeu um novo telhado que é muito elogiado pelos usuários da estrutura. A obra de recuperação foi feita pelo Grupo Zaffari e foi entregue a comunidade em dezembro de 2019. O local estava destelhado desde um temporal que atingiu a cidade em dezembro de 2014. O Terminal Triângulo possui uma área de 15 mil metros quadrados, com cobertura em sete mil metros quadrados. É o mais importante terminal de ônibus urbano de Porto Alegre, dada as suas dimensões, volume de passageiros e importância para a rede de transporte coletivo da Região Metropolitana. Além da Capital, atende usuários de Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada. O fluxo diário é de 950 ônibus, com 41 linhas urbanas e 200 interurbanas. Cerca de 50 mil passageiros por dia utilizam a estrutura e 110 mil circulam no interior dos ônibus, segundo levantamento da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC).

Foto: Guilherme Almeida

Manutenção e conservação dos terminais devem ocorrer em 2022

A Secretaria de Mobilidade Urbana de Porto Alegre (SMMU) informa que encaminhou um termo de referência que teve recurso autorizado para a elaboração de um edital a ser contratado a partir de licitação para a realização do serviço de manutenção e conservação dos terminais de ônibus da cidade. Os trabalhos ocorrerão por demanda.

O termo de referência retornou da Diretoria de Licitação e Contratos (DLC ), onde foram solicitados alguns ajustes. A área técnica da secretaria fará as adequações e o termo será devolvido a DLC e depois disso seguirá em elaboração o edital. A execução dos serviços nas estruturas deverão ocorrer no próximo ano.   

Já a Secretaria Municipal de Obras de Infraestrutura (SMOI), apresentou um plano de gestão para manutenção de obras de artes especiais, como são chamadas as pontes, viadutos e passarelas de concreto. A elaboração do plano atende a uma solicitação do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e prevê ações pelos próximos quatro anos. O plano de ação contempla 35 inspeções por ano às obras de artes especiais, totalizando as 140 existentes em Porto Alegre. As vistorias seguirão os fundamentos da Norma Técnica Brasileira (NBR) 9452.

“Todos os viadutos, pontes e passarelas da Capital passarão por inspeções. Para 2021 estão programadas 15 inspeções especiais e 20 inspeções rotineiras”, explicou o secretário Pablo Mendes Ribeiro. Segundo ele, o processo será continuado e a ideia é garantir a segurança dos porto-alegrenses que utilizam diariamente as estruturas.

Além do plano de inspeções, estão programadas as contratações de projetos de recuperação estrutural de dez pontes do município. Após elaboração dos projetos, será possível licitar e executar obras semelhantes às que ocorreram no viaduto dos Açorianos, na avenida Borges de Medeiros, que passou obras este ano. Com relação a manutenção dos viadutos e terminais de Porto Alegre, o Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) informou que realiza diariamente o trabalho de varrição e lavagem das estruturas da Capital.


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