"Vê-se que não há lição aprendida do desastre de Mariana", diz Greenpeace

"Vê-se que não há lição aprendida do desastre de Mariana", diz Greenpeace

Complexo de Paraopeba produziu 26,3 milhões de toneladas de minério de ferro em 2017

AE

A Vale ainda não tem informação sobre mortos por causa do acidente

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O novo rompimento em barragem de mineração em Minas Gerais, desta vez em Brumadinho, é um retrato da insegurança à população causada pela atividade mineradora no País, critica o Greenpeace. O coordenador de campanhas da ONG ambientalista, Nilo D'Avila, afirma que está acompanhando o acidente e mobilizando equipes, e que no momento possui poucas informações, mas já é capaz de ver semelhanças com a tragédia de Mariana, inclusive pelo envolvimento de uma mesma empresa, a Vale.

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"Está muito claro que não ficou lição alguma da tragédia de Mariana. É a mesma companhia, o mesmo tipo de acidente", afirmou D'Avila. Na avaliação do porta-voz do Greenpeace, há de modo geral negligência por parte do poder público, especialmente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM). "É sabido que há falhas na fiscalização. Na época de Mariana, falava-se que uma em cada três barragens deveria ter alguma intervenção."

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A Mina Córrego do Feijão, cujo rompimento da barragem provocou mais mais um acidente da mineradora Vale em Minas Gerais em menos de três anos, faz parte do Complexo de Paraopeba, que possui 13 estruturas utilizadas para disposição de rejeitos, retenção de sedimentos, regulação de vazão e captação de água.

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Ao todo, o Complexo de Paraopeba produziu 26,3 milhões de toneladas de minério de ferro em 2017, cerca de 7% da produção da Vale, que no mesmo ano produziu 366,5 milhões de toneladas de minério de ferro, segundo a assessoria da empresa. A Vale ainda não tem informação sobre mortos por causa do acidente.

Movimento dos Atingidos por Barragem fala em tragédia anunciada

O Movimento dos Atingidos por Barragens prestou solidariedade hoje aos atingidos pelo rompimento da Barragem da Mina Córrego do Feijão, que pertence à mineradora Vale, no início da tarde. "Há apenas três anos do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, mais um crime contra a vida é fruto desse modelo que apenas provoca tragédias anunciadas".

Por meio de comunicado, o movimento diz ter denunciado o atual modelo de mineração utilizado no país, citando "empresas privatizadas e multinacionais que visam ao lucro a qualquer custo". "Mais uma vez, o lucro está acima de vidas humanas e do meio ambiente", destacou a nota.

De acordo com o movimento, a barragem tem capacidade de 1 milhão de metros cúbicos de rejeitos que, caso cheguem até o Rio Paraopeba, devem deixar um rastro de destruição, colocando em risco o abastecimento de milhares de famílias em mais de 48 municípios da Bacia do Paraopeba. "Desde o ano de 2015, inúmeras denúncias vêm sendo feitas pelo risco de rompimento de barragens do complexo e, ainda assim, a Mina Córrego do Feijão teve sua ampliação aprovada pelo Conselho Estadual de Política Ambiental em dezembro do ano passado, 2018", ressaltou o movimento.




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