Vacinar 70% da população é meta, mas não garante conter Covid-19

Vacinar 70% da população é meta, mas não garante conter Covid-19

Especialistas dizem que fatores são variáveis e que podem mudar a qualquer momento, já que a doença "é considerada nova"

Christian Bueller

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Ainda no ano passado, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que cerca de 70% da população dos países precisaria ser vacinada contra a Covid-19 para que a imunidade de rebanho seja atingida. Essa expressão se refere ao momento em que o vírus não pode mais se propagar porque já não há pessoas suscetíveis a se contaminarem. Epidemiologistas costumam concordar com a ideia, mas os fatores são variáveis e podem mudar a qualquer momento, já que a doença “é considerada nova”. 

O que se sabe é que esse cálculo reverberado pela OMS depende do número reprodutivo, chamado de “R”, que se refere a quantos casos secundários provoca uma pessoa infectada, em média. Quanto mais alto for, mais pessoas precisam se imunizar. Se o “R” fosse 2, a porcentagem a ser imunizada deveria ser 50%. Mas o número reprodutivo do SARS-CoV-2 é 3, elevando o número para 67%, já arredondado para 70%, já que as vacinas não são 100% eficazes. 

Otimismo no RS 

A diretora do Departamento de Atenção Primária e Políticas de Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Ana Costa, é otimista quanto ao andamento da vacinação no Estado, pontuando que depende das remessas de novas doses que chegarem enviadas pelo Ministério da Saúde.

"Este número de 70% é o que perseguimos. Quando iniciamos a vacinação, buscamos uma imunização coletiva. Com as informações que temos hoje, tanto da capacidade das vacinas como da característica da doença, vemos que este número não é mágico. Mas se este número de pessoas tomar as duas doses, podemos falar com proteção coletiva de maior segurança”, diz Ana. Para ela, o RS, líder no ranking da vacinação no país, mostrou “capacidade de distribuição e aplicação” da vacina.

Meta

A percentagem de 70% virou meta de presidentes, governadores e prefeitos ao redor do planeta. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentou uma projeção de vacinar com ao menos uma dose 70% da população adulta do país até 4 de julho, o Dia da Independência norte-americana. 

No Brasil, apenas 35,2 % da população tomou a primeira dose. Segundo dados do Monitora Covid-19, portal de acompanhamento da doença da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 991 dias até imunizar todos a população com a segunda dose, ou seja, não antes do fim de 2022.

No entanto, alguns estados brasileiros já projetam vacinar 100% das pessoas acima de 18 anos com a primeira dose até setembro deste ano, como no Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro e em São Paulo, a expectativa é similar. 


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