Varíola do macaco: saiba mais sobre transmissibilidade, sintomas e o futuro da doença

Varíola do macaco: saiba mais sobre transmissibilidade, sintomas e o futuro da doença

Complicação registra mais de 200 casos no Brasil, quatro deles no Rio Grande do Sul

Lucas Eliel

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O primeiro caso de varíola do macaco, ou monkeypox, como também é chamada, foi registrado no Brasil no dia 9 de junho deste ano. De lá para cá, o país teve mais de 200 pessoas com confirmação para a doença, quatro delas no Rio Grande do Sul. Os cientistas já sabem bastante sobre a complicação, mas restam ainda alguns questionamentos. O Correio do Povo conversou com o infectologista do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), André Luiz Machado, que esclarece as principais dúvidas da população acerca da enfermidade. 

- O que á a varíola do macaco? 

É uma zoonose viral (doença infecciosa transmitida entre animais e pessoas), causada pelo vírus também chamado de varíola do macaco. O nome de origem da doença é varíola do macaco, pois ela foi identificada pela primeira vez em 1958 num primata, mas os macacos não são considerados reservatórios da doença. 

Embora o reservatório seja desconhecido pelos cientistas, os principais candidatos são pequenos roedores. Por conta deste fator, há especialistas e autoridades do Brasil que preferem chamar a doença de monkeypox, na grafia em inglês, como uma tentativa de desassociar a doença dos macacos. 

- Como a doença se manifesta? 

A varíola do macaco causa erupções cutâneas (lesões) que geralmente se desenvolvem pelo rosto e depois se espalham para outras partes do corpo. O que tem sido frequente nos casos avaliados pelos especialistas hoje é que as feridas também estão ocorrendo na parte genital dos indivíduos. 

Exemplo de manifestação da varíola do macaco | Foto: UK Health / AFP / CP 

- Como a varíola do macaco é transmitida entre humanos? 

A transmissão dessa forma ocorre principalmente por meio de contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de indivíduos infectados ou objetos recentemente contaminados. Durante o sexo, a varíola do macaco não requer penetração para ser transmitida. Também é possível se infectar via gotículas respiratórias, mas usualmente isso requer interação mais próxima com a pessoa contaminada.

- Por que estão sendo registrados casos em vários países? 

O principal motivo é em razão da facilidade de transmissão da doença, por ser uma complicação que infecta por meio do contato interpessoal.

- Por quanto tempo a pessoa pode transmitir a doença?

O indivíduo será capaz de transmitir a varíola do macaco enquanto tiver lesões causadas pela doença. A pessoa deixa de poder infectar outros assim que as erupções secam e a crosta oriunda das feridas cai. O tempo médio entre contaminação inicial e transmissibilidade é de três semanas (21 dias).

- Quais são os sintomas da varíola do macaco? 

Os sintomas incluem bolhas na pele de forma aguda e inexplicável, dor de cabeça, febre acima de 38,5ºC, linfonodos inchados, dores musculares e no corpo, além de fraqueza profunda. 

- Se apresentar os sintomas, o que a pessoa deve fazer? 

O indivíduo deve procurar assistência médica. O diagnóstico é baseado na coleta da secreção das lesões. Ao serem observados os sintomas, é aconselhável que a primeira medida a ser feita seja o isolamento para evitar a contaminação de outras pessoas. 

- Como é feito o tratamento para quem está com varíola do macaco? 

Segundo o infectologista André Luiz Machado, o tratamento hoje existente para a varíola do macaco é de suporte: controle de temperatura e da dor. "Não existe ainda estabelecido como forma rotineira um tratamento específico. Existem antivirais que são referência para a varíola humana, que podem ser usados para a monkeypox", ressalta. 

- Qual a diferença da varíola do macaco para a varíola humana? 

Embora tenham algumas semelhanças, a varíola humana é mais letal que a varíola do macaco e não registra casos atualmente, pois é considerada erradicada desde 1980 pela Organização Mundial da Saúde (OMS). 

- A vacina contra a varíola humana é eficaz contra a varíola do macaco? 

Não pode se dizer assertivamente que a vacina da varíola humana é eficaz contra a varíola do macaco. Acredita-se, contudo, que sim, e a eficácia do imunizante para a monkeypox seja de 80%. 

- Existe um perfil mais propenso de ter varíola do macaco? 

É difícil ainda estabelecer um perfil. Entretanto, os milhares de casos no mundo sugerem que a varíola do macaco ocorra mais na população jovem, sexualmente ativa sem parceiro ou parceira fixos.

- A varíola do macaco pode causar mortes? 

Sim, a doença pode evoluir para casos mais graves e levar ao óbito, principalmente em crianças pequenas e pessoas imunossuprimidas (a exemplo de indivíduos que vivam com o vírus do HIV e pacientes em quimioterapia). 

- Que cuidados as pessoas devem ter para não contrair a varíola do macaco? 

É necessário evitar o contato com pessoas que apresentem sintomas da doença, e preferencialmente procurar ter um parceiro sexual fixo, realizando um sexo seguro com o uso de preservativos. 

- Há risco da varíola do macaco virar uma pandemia semelhante ao que é visto com a Covid-19

É improvável que ocorra uma transmissão em massa que nem a Covid, pois a transmissibilidade via gotículas respiratórias é mais incomum. 

- O que mais se sabe de novo sobre a varíola do macaco e quais são as dúvidas ainda dos cientistas? 

De acordo com o infectologista, está sendo observado no momento que a varíola do macaco realmente é uma doença que se transmite pelo contato próximo, algo que não estava explicitado anteriormente na literatura médica. Quanto aos questionamentos, eles se concentram principalmente ainda sobre quais as estratégias terapêuticas para enfrentamento da doença e como deve ser um imunizante para a complicação. 


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