Ventos de quase 100 km/h deixam rastro de destruição no Litoral Norte

Ventos de quase 100 km/h deixam rastro de destruição no Litoral Norte

Tramandaí e Capão da Canoa foram as cidades mais prejudicadas pelo mau tempo

Gabriel Guedes

Ciclone extratropical no Rio Grande do Sul deixou um rastro de destruição pelo Estado

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A ligeira formação de um ciclone extratropical no Rio Grande do Sul, que justamente devido a essa característica ganhou o nome de ciclone-bomba pelos meteorologistas, deixou um rastro de destruição pelo estado, com ventos que ficaram entre 100 e 120 km/h e muita chuva em algumas localidades. O Litoral Norte não foi poupado entre a noite de terça e a manhã de quarta-feira sentiu os efeitos da forte ventania. Tramandaí e Capão da Canoa foram as cidades mais prejudicadas. 

Os postes de iluminação da ponte Giuseppe Garibaldi foram “dobrados” pelo vento e um hospital foi atingido pelas fortes rajadas e pacientes precisaram ser deslocados. Também houve danos, em menor proporção, em Cidreira, Imbé, Osório e Xangri-lá. Ninguém ficou ferido. 

Pelo menos 310 mil clientes da CEEE chegaram ficar sem energia na região. Agora, além do trabalho de reconstrução, também é preciso ficar de olho no mar, por causa da ameaça de ressaca.

Alerta

De acordo com alerta do Serviço Meteorológico Marinho, o fenômeno acarretado pelo ciclone pode provocar, até sexta-feira, ondas de 3 a 4 metros entre o Chuí, na fronteira com o Uruguai, e a capital catarinense, Florianópolis.

O Hospital Tramandaí, que tem 132 leitos e é a referência no tratamento da Covid-19 para Tramandaí e Imbé, sofreu um destelhamento às 4h30min desta quarta-feira e deixou os prefeitos das duas cidades apreensivos. 

Naquela área de cerca de 300 metros quadrados do prédio, onde são internados pacientes pré e pós-cirúrgicos e em isolamento não-covid, segundo o diretor administrativo, Luis Genaro Ladereche Fígoli, havia 10 pacientes e 6 deles precisaram ser deslocados para outras alas da instituição. “Todos os quartos estavam ocupados, veio uma coluna de vento quando houve um estouro, segundo o pessoal que estava trabalhando. Os quartos ficaram alagados”, contou.

Destelhamentos, quedas de árvores e alagamentos

Em Tramandaí ainda houve destelhamentos em outros locais, quedas de árvores, de postes, fachadas, luminosos e de outdoors em vários pontos da cidade. Também houve ruas com acúmulo de água. A Escola de Educação Infantil Sonho de Infância, na Avenida Fernandes Bastos, bairro Indianápolis, por exemplo, teve o luminoso da fachada arrancado. 

O Ginásio Municipal teve várias chapas metálicas do telhado retorcidas pelo vento, que segundo dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no município, atingiu o pico de 95,8 km/h às 6h07 da manhã. A Escola Estadual Segundo o prefeito Luiz Carlos Gauto, seis famílias ficaram desalojadas. 

“A preocupação maior entre todos os estragos da nossa cidade foi o hospital, por que nós estamos com uma capacidade limitada de ocupação em meio a pandemia e estamos ainda na bandeira vermelha”, afirmou. Gauto acredita que os danos materiais foram bastante extensos na cidade. “Mas a gente já vinha sabendo e se preparando para atender, mas não sabíamos da magnitude. Mas ainda bem que ninguém se feriu”, avaliou o prefeito.

Imbé e Mariluz

Em Imbé, de acordo com o prefeito Pierre Emerim, o vendaval provocou menos estragos. “É praticamente uma situação única em todo litoral. Tivemos danos, algumas avarias em prédios públicos, como o hospital de Tramandaí. Mas na cidade mesmo, foi mais queda de postes, de árvores e fios arrebentados. Apenas uma casa teve problema de destelhamento e precisou de ajuda da Defesa Civil”, relatou o prefeito. 

Na Praia de Mariluz, o construtor Valdir Vieira, 40 anos, ainda no final da manhã estava consertando a casa do irmão, uma das atingidas pelo ciclone. “O vento arrancou seis telhas. Mas já conseguimos comprar e estou aqui arrumando. Foi na madrugada e aí a chuva alagou a casa dele”, contou.

Capão e Xangri-lá

Quem percorreu o Litoral Norte nesta quarta-feira, se deparava com as marcas da fúria do forte vento na madrugada. Na freeway (BR 290), em Osório, e ao longo da Estrada do Mar (ERS 389), placas e outdoors estavam derrubados e alguns retorcidos. Já quem percorria a avenida Paraguassú, entre Xangri-lá e Capão da Canoa, se deparava também com postes caídos e atravessados em várias ruas, como na Rua Rainha da Paz, no balneário Noiva do Mar. 

Conforme balanço da CEEE, até às 14h ainda restavam 165 mil pontos sem energia elétrica, sendo 32 mil em Tramandaí, outros 20 mil em Capão da Canoa e 19 mil em Cidreira e outros 14 mil clientes atingidos em Imbé. Vidros que servem de muro ou portas em residências também não foram poupados e vários foram encontrados estilhaçados.

O coordenador da Defesa Civil de Capão da Canoa, Maurício Porto, estima que cerca de 60 casas sofreram algum destelhamento e outras 15 propriedades tiveram árvores derrubadas pelo vento. O Ginásio Municipal, situado atrás do prédio da Prefeitura, foi um dos locais mais atingidos, com várias telhas metálicas arrancadas.


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