"Vergonha" e a "ausência de informação" dificultam busca de apoio para depressão, revela pesquisa

"Vergonha" e a "ausência de informação" dificultam busca de apoio para depressão, revela pesquisa

Levantamento "Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental" foi apresentando em São Paulo

Mauren Xavier

Epidemia: mais de 300 milhões de pessoas no mundo sofrem de depressão

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Às vésperas do Setembro Amarelo, que é voltado a ações de prevenção ao suicídio, foi apresentada, nessa quarta-feira, em São Paulo, a pesquisa "Depressão, suicídio e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental". O levantamento buscou desvendar um pouco a percepção da população sobre a depressão e os tratamentos. 

Realizada com 2 mil pessoas, de várias regiões do país e de diferentes faixas etárias, ela mostrou que a 'vergonha' e a 'ausência de informação' dificultam que o jovem possa buscar apoio necessário. Inclusive apontou que uma parcela grande não chega a reconhecer a depressão como uma doença. Mais de 1 em cada 4 jovens (18 a 24 anos) considera ela uma doença da alma. Foi identificada a percepção de há um certo receio de buscar o profissional de psiquiatria e uma contrariedade em relação aos tratamentos que envolvam medicamentos. 

Uma parte específica do estudo foi analisar os chamados "mitos" relacionados às doenças mentais e à depressão, como que alguns tratamentos influenciam na libido e geram ganha de peso. Em relação ao tabu, a pesquisa mostrou 22% dos entrevistados se recebesse um diagnóstico de depressão não se sentiria à vontade de fazer sobre o assunto com a família, sendo que o maior grupo (39%) tem idade entre 13 e 17 anos. "A desinformação sobre a depressão alimenta o estigma e a vergonha que o paciente sente", avalia a diretora médica da Pfizer Brasil, Márjori Dulcine, que apresentou a pesquisa. 

Ainda sobre as características dos jovens, o coordenador do serviço de internautas e pronto-socorro do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP,  Teng Chei Tung, destaca que os "adolescentes estão em situação que merece atenção, porque, além de ser um período conturbado, o risco de suicídio existe quando somados outros fatores, como perdas, drogas e transtornos psiquiátricos", detalha. 

A atenção com os jovens recebe maior atenção uma vez que contra a tendência mundial, no Brasil as ocorrências de suicídio nesse grupo têm aumentado. Por exemplo, a taxa de suicídio entre adolescentes de 10 a 19 anos aumentou 24% entre 2006 e 2015. No país, é considerada a quarta maior causa de morte em jovens, segundo o Ministério da Saúde. "Falar sobre as doenças mentais e depressão é uma maneira de fazer uma frente de prevenção ao suicídio", alerta o psiquiatra Teng Chei Ting. 

A apresentação da pesquisa integrou ainda o lançamento da campanha "Na direção da vida. Depressão sem tabu".  A iniciativa promoverá diversas ações para estimular o debate sobre a depressão, que está relacionada a alguns casos de suicídio. Simbolizada num girassol, a campanha é articulada pela Upjohn, divisão focada em doenças crônicas não-transmissíveis da Pfizer, com apoio da Associação Brasileira de Familiares,  Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (Abrata), que funciona há 20 anos, e participação do Centro de Valorização da Vida (CVV). Detalhes da campanha  podem ser acompanhados no site.


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