Às vésperas de protesto, Venezuela sofre novo apagão

Às vésperas de protesto, Venezuela sofre novo apagão

Governo não deu explicações nem especificou causas do corte de serviços

AFP

Maduro continua responsabilizando EUA por consecutivos blecautes

publicidade

Caracas e várias outras regiões da Venezuela ficaram sem luz na noite de terça-feira, na véspera de uma nova jornada de protestos convocada pelo líder opositor Juan Guaidó contra o colapso dos serviços básicos e para pressionar o presidente Nicolás Maduro. O apagão, o maior em uma semana, começou às 23h20min local (0h20min Brasília) e afetou Caracas e pelo menos 20 dos 23 estados do país, de acordo com relatos de venezuelanos nas redes sociais. Uma hora depois do corte, a luz começou a voltar em algumas zonas da capital.

O governo e a estatal Corporação Elétrica Nacional (Corpoelec) não deram qualquer explicação sobre as causas ou o alcance da nova queda de energia. "O Estado-Maior Elétrico", entidade criada para enfrentar a crise, "está trabalhando para restabelecer o serviço", informou o canal estatal VTV durante a madrugada. Pouco depois do corte, o site de monitoração Netblock.org informou que a energia elétrica estava disponível em apenas 10% do território.

Desde 7 de março, quando um apagão deixou quase toda a Venezuela sem energia por cinco dias, o país registrou cortes de energia consecutivos que afetam o fornecimento de água, transportes e serviços de telefonia e internet. O governo de Nicolás Maduro afirma que os apagões são provocados por ataques "eletromagnéticos, cibernéticos e físicos" contra a central hidroelétrica de Guri, que produz 80% da energia consumida no país, e acusa os Estados Unidos de estar por trás do problema para gerar caos entre a população.

Cortes danificam abastecimento de água 

Embora não desta magnitude, as falhas elétricas são habituais na Venezuela há anos. A oposição e especialistas apontam como causas a deterioração da infraestrutura por falta de investimentos e imperícia técnica. O governo anunciou há alguns dias um plano de racionamento de energia elétrica que exclui Caracas, depois que os apagões obrigaram o regime a suspender as aulas temporariamente e a reduzir o horário de trabalho.

Os cortes abruptos danificaram os sistemas de bombeamento de água e geraram uma falha generalizada no abastecimento. O novo apagão acontece em meio à disputa de poder entre Maduro e Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em 23 de janeiro.

Guaidó, reconhecido como presidente encarregado por mais de 50 países, convocou para esta quarta-feira uma nova jornada de protestos para tirar Maduro do poder, sob o lema "Não vamos nos costumar", parte de sua "operação liberdade", com a qual busca destituir Maduro, instalar um governo de transição e convocar novas eleições.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895