Anvisa diz que não há registro de coágulos ligados a vacinas contra a Covid-19

Anvisa diz que não há registro de coágulos ligados a vacinas contra a Covid-19

Alguns países suspenderam a aplicação do imunizante da AstraZeneca

AE

Órgão disse monitorar cinco ocorrências suspeitas de tromboembolismo entre os quase 3 milhões de brasileiros

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou nesta segunda-feira que não há registro de embolismo ou trombose comprovadamente ligados a vacinas da Covid-19 no Brasil. O órgão, porém, disse monitorar cinco ocorrências suspeitas de tromboembolismo entre os quase 3 milhões de brasileiros que receberam o imunizante de Oxford. Ressaltou ainda que não foi estabelecida até agora ligação de causalidade entre a vacina e os eventos, em comunicado da Gerência Geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária.

O documento foi emitido no dia 10, mas a assessoria da Anvisa afirmou nesta segunda-feira que não houve alteração. O informe diz ainda que o lote suspenso por alguns países da Europa não veio para o Brasil. "O lote suspeito - ABV5300 - é fabricado pela AstraZeneca e não é utilizado no Brasil", acrescentou a Anvisa. Por enquanto, o País usa 4 milhões de doses importadas do Instituto Serum, da Índia. A Fiocruz, que vai fabricar a vacina de Oxford no Brasil, prevê entregar 500 mil doses amanhã. A Anvisa ressaltou ainda que "por meio da área internacional, solicitou informações sobre a investigação promovida na Europa".

O Estadão procurou o Ministério da Saúde para comentar a suspensão do uso da vacina em outros países, mas ainda não recebeu resposta. Em boletim divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde nesta segunda-feira, a pasta traz um balanço de eventos adversos pós-vacinação do primeiro mês de campanha no País.

Importante ressaltar que eventos adversos não são necessariamente relacionados à vacina, mas, sim, à qualquer condição de saúde ocorrida depois da aplicação de uma dose, mesmo que não haja ligação entre ambos os fatos. Se uma pessoa for vacinada e, no mesmo dia, sofrer acidente de trânsito, por exemplo, isso deve ser reportado, mesmo que o elo com a vacina seja muito improvável.

Conforme o boletim, que considera 5.874.000 doses aplicadas entre 18 de janeiro e 18 de fevereiro, 430 eventos adversos graves foram registrados - 0,007% dos vacinados. O documento informa ainda o registro de 20.181 eventos adversos não graves, que costumam incluir dor no local da aplicação e dor de cabeça. Eles representam 0,34% dos imunizados.

Entre os 430 eventos adversos graves, há 139 mortes, mas 70% delas já tiveram uma possível ligação com a vacina descartada. "Os demais casos estão com informações incompletas e aguardando complementação de dados (como laudos de necropsia, dentre outros). Nenhum dos óbitos foi considerado como tendo relação causal com as vacinas Covid-19", afirma.

Para Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, não há evidências de que as vacinas da Covid ou qualquer outra aumentem o risco de problemas de coagulação. "Não existe um risco teórico de que qualquer componente da vacina provoque quadro de tromboembolia. Esse problema pode ter múltiplas causas e pode ter sido uma coincidência temporal ter ocorrido após a aplicação. O número de casos sobre o total de vacinados é muito pequeno", destaca.

Cautela

Ela ressalta ser importante investigação cautelosa, mas destaca não haver prova da relação entre os quadros tromboembólicos e a vacina. Diz ainda temer que a decisão dos europeus de suspender a aplicação antes de qualquer evidência prejudique a confiança nos imunizantes. "É preciso mais cautela ao interromper uma campanha de vacinação sem evidência robusta, quando a taxa de incidência daquele evento não está maior do que o visto na população em geral. Pode causar um estrago difícil de consertar depois."


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