Após morte de ativista em Kiev, Ucrânia promete proteção a exilados de Belarus

Após morte de ativista em Kiev, Ucrânia promete proteção a exilados de Belarus

Para garantir a segurança, as autoridades elaboraram "uma lista de belarussos" alvos de perseguição por suas posições políticas

AE

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Ativistas opositores do governo de Belarus exilados na Ucrânia terão proteção reforçada enquanto estiverem no país. A medida foi anunciada pelo presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, nesta quarta-feira, 4, um dia depois de um opositor do regime de Alexander Lukashenko ser encontrado morto enforcado em um parque de Kiev.

Vitali Shishov, que dirigia uma organização de auxílio a refugiados belarussos na Ucrânia, foi encontrado morto na terça-feira, 3. Shishov, conhecido opositor do governo de seu país, desapareceu na segunda-feira após sair para o trabalho pela manhã, segundo seus colegas, que acusam as autoridades belarussas de matá-lo. A polícia de Kiev disse que Shishov foi encontrado enforcado em um parque e que a investigação considera a possibilidade de a morte ter sido um "assassinato mascarado de suicídio".

"Proteção especial"

De acordo com um comunicado da Presidência ucraniana, as autoridades elaboraram "uma lista de belarussos" alvos de perseguição por suas posições políticas e oferecerão proteções adicionais. "Qualquer belarusso que possa se converter em alvo de criminosos por sua posição política pública deve receber proteção especial", disse Zelenski.

O comunicado, contudo, não dá detalhes de qual serão essas medidas de segurança extras.

O assassinato de Shishov ocorre em um momento em que a repressão a opositores de Aleksander Lukashenko - líder autoritário que está no poder desde 1994 - se intensifica. Desde a última eleição presidencial, pleito controverso e com sérios indícios de fraude, Lukashenko prendeu milhares de integrantes da oposição que protestaram contra o resultado.

Os últimos acontecimentos indicam que "o último ditador da Europa" está ampliando sua repressão para além da fronteira. Em maio, Lukashenko forçou a aterrissagem de um avião de passageiros com um ativista belarrusso exilado a bordo e mandou prendê-lo. No domingo, uma velocista olímpica do país buscou proteção em um aeroporto de Tóquio enquanto autoridades tentavam mandá-la para casa à força. Ela disse temer por sua segurança depois de criticar seus treinadores e o comitê olímpico nacional do país.

Em março, Belarus pediu a extradição de Svetlana Tikhanovskaya, principal líder da oposição e candidata à Presidência de Belarus no último pleito, à Lituânia, afirmando que ela deve ser processada por crimes contra a ordem pública e a segurança. O pedido foi negado, e Tikhanovskaya segue denunciando violações de direitos humanos e medidas antidemocráticas do governo Lukashenko.

A opositora se manifestou sobre a morte de Shishov: "É preocupante que aqueles que fugiram de Belarus ainda não estejam seguros", escreveu em sua conta no Twitter. Em outra mensagem na rede social, Tikhanovskaya disse estar em contato com o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia sobre a morte de Shishov e o caso da atleta olímpica, e agradeceu às autoridades do país pelo suporte nos dois casos.


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