Após troca de prisioneiros, piloto presa na Rússia retorna à Ucrânia

Após troca de prisioneiros, piloto presa na Rússia retorna à Ucrânia

Mulher cumpria pena de 22 anos por ter sido cúmplice no assassinato de dois jornalistas russos

AFP

Após troca de prisioneiros, piloto presa na Rússia retorna à Ucrânia

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A piloto militar ucraniana Nadiya Savchenko, presa há quase dois anos na Rússia, foi trocada nesta quarta-feira por dois agentes russos e retornou para Kiev, onde foi recebida como heroína.

Pouco tempo depois da troca, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, prometeu recuperar a Crimeia, anexada em 2014 pela Rússia, e o Leste da Ucrânia, sob o controle dos rebeldes separatistas pró-russos. "Da mesma maneira que conseguimos recuperar Nadiya, vamos recuperar o Donbass e a Crimeia", declarou em uma cerimônia de condecoração da jovem militar "heroína da Ucrânia".

O avião enviado pela presidência ucraniana para recuperar a piloto pousou às 12h GMT (9h de Brasília) no aeroporto Borispol, em Kiev. Sua mãe, sua irmã e a ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, que lidera o partido ao qual Nadiya Savchenko faz parte, receberam a militar. "Estou pronta a sacrificar-me novamente no campo de batalha pela Ucrânia", declarou a jovem, conhecida por seu espírito rebelde e sua insubordinação. "Nossa missão está cumprida", disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Pavlo Klimkin, afirmando que o país continuará lutando pela libertação de outros ucranianos detidos na Rússia.

Considerada um símbolo nacional contra a Rússia, ela goza de enorme popularidade na Ucrânia. Sua libertação foi uma das promessas de Poroshenko. A Ucrânia vive há dois anos um conflito opondo seu exército e separatistas pró russos e que já deixou quase 9.300 mortos.

O presidente russo, Vladimir Putin, assegurou nesta quarta ter perdoado Nadiya Savchenko a pedido de parentes dos dois jornalistas mortos por um morteiro no leste da Ucrânia em junho de 2014. Condenada em março de 2016 por cumplicidade nestes assassinatos, uma acusação que ela rejeita, a piloto cumpria uma pena de 22 anos de prisão na Rússia.

Satisfação do Ocidente

A notícia foi bem recebida no Ocidente, que apelava há tempos pela sua libertação. O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, disse que estava "feliz e aliviado". "Boa notícia há muito esperada, que a UE saúda", tuitou a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

Pouco antes do anúncio de sua libertação, a advogada de um dos dois supostos militares russos detidos na Ucrânia anunciou que os dois homens foram perdoados e libertados. Yevgeny Yerofeev e Alexander Alexandrov "já não estão mais na Ucrânia", disse Oxana Sokolovska, advogada de Yerofeev. A televisão russa exibiu imagens da dupla em sua chegada em um aeroporto de Moscou.

Apresentados por Kiev como pertencentes ao GRU, os serviços de inteligência do exército russo, foram condenados em abril a 14 anos de prisão por combaterem ao lado dos rebeldes pró-russos contra o exército ucraniano. Moscou, que nega participação no conflito, afirmou que os dois deixaram o exército russo em dezembro de 2014, vários meses antes de partirem para a Ucrânia.

A ideia de uma troca de prisioneiros era discutida há meses, inclusive ao mais alto nível, entre Vladimir Putin e Petro Poroshenko. No entanto, a libertação da piloto nesta quarta-feira foi uma grande surpresa. "Eu e minha mãe, assim como vocês, estamos surpresas", escreveu a irmã da piloto, Vira Savchenko, em sua página no Facebook.

Poucas informações foram divulgadas sobre as circunstâncias da partida da piloto, exceto que uma aeronave foi despachada pelo presidente ucraniano para buscá-la na região de Rostov, no Sul da Rússia, onde estava presa. Detida, segundo Moscou, no início de julho de 2014 em território russo, Savchenko assegura ter sido capturada por rebeldes pró-russos antes da tragédia que matou os jornalistas, e depois entregue à Rússia. 

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