Apagão na Venezuela causa revolta e desespero entre a população

Apagão na Venezuela causa revolta e desespero entre a população

Problema atinge país desde a segunda-feira e não tem previsão de solução

AFP

Venezuela enfrenta segundo forte apagão este mês

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A revolta e o desespero são cada vez maiores entre os venezuelanos à medida que passam as horas e o apagão que afeta o país desde segunda-feira não tem uma solução. "As mercadorias estragam, não há água, o transporte quase não funciona, não há comunicação. Não sei o que acontece com a minha família, a insegurança aumenta", afirmou Néstor Carreño, gerente de uma pizzaria de um bairro nobre de Caracas que teve que fechar as portas.

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Panelaços e buzinaços foram registrados na madrugada de terça para quarta-feira, com a capital completamente no escuro. Em alguns bairros, a energia elétrica voltava, mas logo depois era cortada, sem uma perspectiva de solução definitiva.

O país de 30 milhões de habitantes voltou a ficar no escuro poucos dias depois da maior falha elétrica de sua história, que começou em 7 de março e durou quase uma semana. Além da capital, o apagão afeta 21 dos 23 estados do país, de acordo com usuários de redes sociais. O governo do presidente Nicolás Maduro não divulga informações sobre o impacto deste tipo de emergência.

A nova falha começou na segunda-feira às 13h22min (14h22min de Brasília) e provocou o colapso do fornecimento de água, das redes de telefonia e internet e dos bancos eletrônicos, setor vital em meio a falta de dinheiro em cédula por conta da hiperinflação. O corte de energia elétrica de uma semana no início do mês afetou com força os hospitais, já penalizados pela falta de insumos e medicamentos. ONGs afirmaram que pelo menos dez pacientes morreram em consequência do apagão.

Os apagões são frequentes no país com as maiores reservas de petróleo do mundo e o governo sistematicamente atribui os problemas a atos de sabotagem da oposição e dos Estados Unidos. O presidente Nicolás Maduro atribuiu o novo apagão a "terroristas" apoiados por Washington e ampliou para esta quarta-feira o feriado nacional.

Segundo um comunicado divulgado por Maduro pelo Twitter, "o sistema nacional de eletricidade sofreu dois ataques terroristas desonestos nas mãos de violentos" com "objetivos desestabilizadores". O primeiro ataque, afirmou Maduro, ocorreu às 13h29min, horário local, na segunda-feira, na área de geração e transmissão da usina hidrelétrica de Guri, no estado de Bolívar (Sul), que fornece 80% da energia da Venezuela. O segundo teria sido registrado às 21h47min.

Em um discurso no Parlamento de maioria opositora, o presidente do Legislativo, Juan Guaidó, rebateu a versão do governo. "Não há nenhuma explicação sensata, confiável, já que não é um ciberataque ou um pulso eletromagnético, agora é uma sabotagem, quando eles militarizaram todas as instalações elétricas", afirmou o opositor, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por mais de 50 países.

O ambiente era tenso na capital venezuelana. Deputados e jornalistas foram agredidos por partidários do chavismo nas proximidades do Parlamento venezuelano, após uma sessão presidida por Guaidó, informaram congressistas e organizações de imprensa. Os incidentes aconteceram após uma sessão na qual Guaidó criticou a presença de militares da Rússia no país no fim de semana passado.


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