Arábia Saudita abole pena de açoitamento

Arábia Saudita abole pena de açoitamento

Pena era aplicável em caso de assassinato, violação da "ordem pública" ou mesmo relações extraconjugais

AFP

Data exata da decisão de abolir a flagelação não foi especificada

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A Arábia Saudita aboliu o açoitamento de seu sistema de justiça penal, uma pena amplamente criticada por ONGs internacionais de defesa dos direitos humanos, informaram uma autoridade e meios de comunicação pró-governo. O reino ultraconservador é regularmente acusado de violações dos direitos humanos por ONGs que denunciam, entre outras coisas, a pena de açoitamento aplicável em caso de assassinato, violação da "ordem pública" ou mesmo relações extraconjugais.

"A Comissão de Direitos Humanos congratula-se com a recente decisão da Suprema Corte de eliminar o açoitamento como uma possível punição", declarou, em comunicado, na sexta-feira à noite, Awad Al-Awad, presidente desta comissão, uma agência governamental. "Nos termos desta decisão, as sentenças de açoitamento anteriores serão substituídas por penas de prisão e multas", acrescentou. "Esta reforma é um avanço significativo" na área de direitos humanos, considerou. A data exata da decisão de abolir a flagelação não foi especificada. 

Ela não foi divulgada publicamente, mas foi noticiada por vários meios de comunicação locais, incluindo o jornal do governo Okaz, que citou "fontes importantes". Segundo Okaz, a Suprema Corte decidiu que os tribunais não podem aplicar a punição de açoitamento "em nenhum caso", e devem optar por "outras sentenças", como prisão ou multas.

Desde que Mohammed bin Salman se tornou príncipe herdeiro em 2017, a Arábia Saudita tem sido criticada por organizações de direitos humanos. A abertura econômica e social promovida pelo príncipe foi acompanhada pelo aumento da repressão contra vozes discordantes, dentro da família real, bem como entre intelectuais e ativistas.

Sua imagem de reformista foi bastante manchada pelo assassinato do jornalista e crítico do governo saudita Jamal Khashoggi, que foi assassinado no consulado de seu país em Istambul em 2018. Um crime que causou protestos internacionais.

Na sexta-feira, ONGs anunciaram a morte em decorrência de um AVC numa prisão na Arábia Saudita de um proeminente ativista saudita de direitos humanos, Abdallah al-Hamid, que cumpria pena de 11 anos por "quebra de lealdade ao rei", "incitamento à desordem" e por procurar desestabilizar a segurança do Estado.

O caso do blogueiro saudita Raif Badawi foi o mais emblemático dos últimos anos. Defensor da liberdade de expressão, ele foi condenado em 2014 a 1.000 chicotadas e 10 anos de prisão por "insultar" o Islã. Além das chicotadas, o recurso massivo da pena de morte na Arábia Saudita também é denunciado pelas ONGs. "A Arábia Saudita executou um número recorde de pessoas em 2019, apesar da queda geral nas execuções em todo o mundo", lamentou a Anistia em seu relatório sobre a pena de morte no mundo, divulgado nesta semana. "As autoridades sauditas mataram 184 pessoas no ano passado, o maior número que a Anistia já registrou em um único ano no país", disse.


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