Arábia Saudita se nega a extraditar supostos assassinos de jornalista para Turquia

Arábia Saudita se nega a extraditar supostos assassinos de jornalista para Turquia

Istambul emitiu na sexta-feira pedido de extradição contra 18 cidadãos sauditas detidos em seu país

AFP

Jornalista foi vítima de um assassinato cuidadosamente premeditado, cometido por uma equipe de agentes enviados por Riad

publicidade

O governo da Arábia Saudita negou neste sábado o pedido da Turquia para extraditar os 18 sauditas acusados de terem assassinado o jornalista Jamal Khashoggi, e Washington advertiu Riad que esta crise desestabiliza o Oriente Médio. "Sobre a questão da extradição, esses indivíduos são cidadãos sauditas, eles estão detidos na Arábia Saudita e a investigação será conduzida na Arábia Saudita, e eles serão julgados na Arábia Saudita", disse o ministro das Relações Exteriores saudita Adel al Jubeir em uma conferência de segurança em Manama. A promotoria de Istambul emitiu na sexta-feira um pedido de extradição contra 18 cidadãos sauditas detidos em seu país.

De acordo com autoridades turcas, o jornalista foi vítima de um assassinato cuidadosamente premeditado, cometido por uma equipe de agentes enviados por Riad. A Arábia Saudita negou a princípio a morte do jornalista crítico em relação ao poder no reino, e afirmou que ele deixará o consulado depois de ter entrado no 2 de outubro para providenciar alguns procedimentos administrativos para que pudesse se casar.

As autoridades sauditas acabaram reconhecendo que Jamal Khashoggi havia sido morto durante uma operação "não autorizada" e que o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, considerado o homem forte do reino, "não havia sido informado" a respeito. Na quinta-feira, pela primeira vez, o procurador-geral da Arábia Saudita, aguardado neste domingo em Istambul, mencionou, de acordo com informações fornecidas pela Turquia, mencionou a idéia de que o assassinato do jornalista foi "premeditado" pelos perpetradores. "Este caso é o assunto de uma investigação", disse Jubeir.

Estabilidade afectada

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, alertou a Arábia Saudita que o assassinato de Jamal Khashoggi "deve preocupar a todos", já que afeta a segurança na região. "Quando uma nação deixa de respeitar as normas internacionais e a lei, ela enfraquece a estabilidade regional no momento em que é mais necessária", acrescentou o chefe do Pentágono, que até agora havia sido muito discreto sobre o caso.

As autoridades saudita detiveram 18 suspeitos e afastaram cinco integrantes dos serviços de segurança, dois deles ligados ao príncipe herdeiro. Este assassinato, que ofuscou a imagem do príncipe, provocou a indignação internacional e afetou as relações de Washington com o reino saudita, no qual o Estados Unidos se apoiam para frear a influência do Irã na região.

Mas Jubeir assegurou neste sábado que o reino "superará esta prova". "A questão, como disse, é alvo de uma investigação. Saberemos a verdade. Os responsáveis deverão prestar contas. E ativaremos mecanismos para que isso não volte a ocorrer", prometeu Jubeir durante a mesma conferência.

"Barbárie"

Segundo a imprensa turca, Ancara compartilhou com a CIA americana as gravações em vídeo e áudio do assassinato de Khashoggi. O corpo do jornalista não foi encontrado no momento. "Que foi morto é um fato, mas onde ele está? Onde está seu corpo?", questionou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan na sexta-feira. A imprensa e autoridades anônimas turcas envolveram pessoalmente o príncipe herdeiro saudita neste assassinato.

Mas Erdogan, por enquanto, absteve-se de acusá-lo diretamente. Ambos falaram por telefone na quarta-feira pela primeira vez desde a morte do jornalista. A noiva turca de Jamal Khashoggi exigiu na sexta-feira que se puna "todos os responsáveis por essa barbárie".

Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895