Assessores impediram obstrução de investigação de Trump, diz relatório

Assessores impediram obstrução de investigação de Trump, diz relatório

Auxiliares de Trump agiram contra suas ordens e evitaram situações que poderiam caracterizar obstrução de justiça

R7

Relatório mostra tentativas de obstrução por parte de Trump

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O relatório final do procurador Robert Mueller sobre uma possível interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos EUA, em 2016, foi finalmente divulgado nesta quinta-feira. E apesar de não recomendar o indiciamento de Donald Trump, mostra que houve diversas tentativas do presidente de obstruir as investigações. Mueller concluiu que, em várias ocasiões, os auxiliares de Trump agiram contra ordens do presidente norte-americano e evitaram situações que poderiam caracterizar obstrução de justiça e, com isso, abrir a possibilidade de que ele poderia ser processado ou até mesmo sofrer impeachment.

"Os esforços do presidente para influenciar a investigação foram, na maior parte, mal-sucedidos, mas isso aconteceu porque as pessoas que cercavam o presidente evitaram seguir suas ordens ou atender aos seus pedidos", escreveu o procurador em seu relatório.

Mensageiros relutantes

O documento detalha uma ocasião em que dois assessores de Trump, Corey Lewandowski e Rick Dearborn, se eximiram de entregar uma mensagem do presidente para o então procurador-geral dos EUA, Jeff Sessions, dizendo que ele deveria limitar o alcance das investigações. 

Sessions, pelo cargo que ocupava, poderia ter liderado o inquérito, mas se recusou por ter tido contato com emissários russos durante a campanha. Com isso, a missão ficou nas mãos de Mueller. Corey Lewandowski foi quem anotou a mensagem de Trump no primeiro momento e disse a ele que resolveria o cargo. Ele chegou a marcar uma reunião com Sessions que não constaria dos registros públicos, mas não o encontrou.

Depois, ele passou o bilhete para Dearborn, sem dizer que a mensagem partiu de Trump. O segundo assessor tampouco repassou o recado a Sessions, mas disse ao colega que havia "resolvido a situação", segundo o relatório de Mueller.

Confusão com assessores

Em outra ocasião, o antigo secretário de gabinete de Trump, Robert Porter, recebeu um pedido do presidente para contatar a sub-procuradora-geral Rachel Brand, para saber "em que time" ela estaria e se teria interesse em supervisionar a investigação conduzida por Mueller. "Porter não entrou em contato com ela porque se sentiu desconfortável com a tarefa", diz o relatório.

O documento também indicou uma briga feia entre o então conselheiro da Casa Branca Don McGahn e o presidente, quando Trump decidiu demitir Robert Mueller do Departamento de Justiça durante a investigação. McGahn foi chamado de "mentiroso desgraçado" por Trump.

O conselheiro não atendeu a um pedido de Trump para afirmar publicamente que notícias sobre a possível demissão de Mueller seriam mentirosas. Ele também se recusou a escrever uma carta em que deveria refutar as matérias que circularam na época.


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