Atentado mata 79 pessoas na capital da Somália

Atentado mata 79 pessoas na capital da Somália

Mais de cem ficaram feridos após explosão de carro bomba em Mogadíscio

AFP

Atentado ocorreu neste sábado

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A explosão de um carro-bomba deixou, neste sábado, 79 mortos e mais de uma centena de feridos em um bairro movimentado de Mogadíscio, em um dos ataques mais sangrentos registrados na capital da Somália, palco habitual de atentados terroristas islamitas. O ataque ocorreu em uma área de tráfego intenso, perto de um posto de controle das autoridades e de um escritório da alfândega. O local ficou coberto de detritos e de veículos carbonizados. "O número de mortos chega a 79 neste momento e os feridos são mais de cem", disse a jornalistas o chefe da Polícia somali, Abdi Hassan Mohammed.

Mais cedo, Abdukadir Abdirahman, diretor de um serviço particular de ambulâncias, havia informado à AFP que o número de feridos era de 125 feridos. Um policial, Ibrahim Mohamed, chamou a explosão de "devastadora". O presidente somali, Mohamed Abdullahi Farmaajo, condenou o ataque em declarações emitidas pela agência nacional de imprensa SONNA. "Este inimigo tenta aplicar a vontade destruidora do terrorismo internacional, nunca fizeram nada positivo por nosso país", declarou. "Tudo que fazem é destruir e matar".

Segundo a autoridade policial Ibrahim Mohamed, "dois cidadãos turcos, aparentemente engenheiros civis envolvidos na construção de estradas, estão entre os mortos". Em Ancara, o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, confirmou que dois cidadãos turcos "perderam a vida em um cruel atentado terrorista perpetrado em Mogadíscio". O Ministério da Defesa informou no Twitter que enviou um avião militar turco à Somália com pessoal e ajuda médica.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o atentado e garantiu que "os responsáveis por este crime horrível têm que ser levados à Justiça".

"Corpos irreconhecíveis"

Entre as vítimas, há pelo menos 16 estudantes da Universidade de Banadir. "Um micro-ônibus transportava 17 estudantes e apenas um deles sobreviveu", explicou à AFP um aluno desta universidade privada que pediu para não ter o nome revelado. "Tudo o que pude ver foram corpos [...] dispersos e alguns calcinados, irreconhecíveis", disse uma testemunha, Sakariye Abdukadir. O ataque, que não foi reivindicado no momento, ocorre em um contexto de intensa atividade do grupo islâmico Al-Shabab, afiliado à Al-Qaeda.

Os insurgentes prometeram derrubar o governo da Somália, que tem o apoio da comunidade internacional e de 20.000 membros da força da União Africana na Somália (Amisom). O Al-Shabab emergiu da União dos Tribunais Islâmicos, que controlava o centro e o sul da Somália, e estima-se que atualmente tenha de 5.000 a 9.000 membros.

O grupo radical islâmico foi expulso de Mogadíscio em 2011. Depois disso, perdeu a maioria de seus redutos. No entanto, continua poderoso em algumas partes do país, onde realiza operações de guerrilha e atentados suicidas, incluindo na capital. Seus alvos costumam ser governamentais, forças de segurança e civis. Duas semanas atrás, cinco pessoas morreram em um ataque do Al-Shabab em um hotel de Mogadíscio, muito frequentado por políticos, militares e diplomatas.

Desde 2015, 13 ataques foram realizados na Somália. O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295.


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