Atentados do EI e hospitalização de presidente causam comoção na Tunísia

Atentados do EI e hospitalização de presidente causam comoção na Tunísia

Dirigente de 92 anos foi vítima de "grande mal-estar" e seu estado é crítico

AFP

Camicaze atacou veículo da Polícia, matando um agente e ferindo três civis e um policial

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Um duplo atentado suicida, reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), matou nesta quinta-feira na Tunísia um policial e feriu oito pessoas, fazendo ressurgir no país o trauma da violência, no mesmo dia em que o presidente Béji Caïd Essebsi foi hospitalizado em "estado crítico". O dirigente de 92 anos foi "vítima de um grave mal-estar e foi transferido para o hospital militar de Túnis", escreveu a Presidência em sua página no Facebook.

"A condição do presidente é crítica", mas "estável", tuitou seu conselheiro, Firas Guefrech, que desmentiu os boatos de sua morte.

O chefe de governo, Youssef Chahed, visitou o presidente. "Quero tranquilizar os tunisianos, o presidente está recebendo os cuidados necessários", afirmou, e pediu que "não se difundam informações falsas que semeiem confusão". À noite, o filho do presidente, Hafedh Caïd Essebsi, afirmou que a saúde de seu pai tinha registrado um "início de melhora". Essebsi já tinha sido hospitalizado no final da semana passada.

Após os atentados suicidas e a hospitalização do chefe de Estado, o presidente do Parlamento, Mohamed Ennaceur, reuniu em assembleia os chefes dos blocos parlamentares. Os atentados e a crise de saúde do chefe de Estado ocorrem em meio a um tenso clima político na Tunísia nos últimos meses, às vésperas das eleições presidenciais e legislativas, previstas para outubro e novembro.

Os ataques, ocorridos no começo da temporada turística, foram os primeiros na Tunísia desde 30 de outubro de 2018, quando uma terrorista suicida detonou os explosivos que levava no corpo na avenida Bourguiba, deixando ao menos 26 feridos, policiais na maioria.

Em um comunicado difundido por sua agência de propaganda, Amaq, o grupo Estado Islâmico (EI), que já reivindicou no passado outros ataques na Tunísia, afirmou que os atentados desta quinta-feira tinham sido cometidos por dois de seus "combatentes".

Na avenida principal de Túnis, Habib Bourguiba, um camicaze atacou na quinta-feira um veículo da Polícia, matando um agente e ferindo três civis e um policial, segundo o ministério do Interior. Dois restos de corpo, provavelmente do suicida, jaziam na calçada ao redor do carro, constatou uma jornalista da AFP.

O atentado ocorreu perto da embaixada francesa. Alguns pedestres desmaiaram pelo choque e várias lojas e estabelecimentos do centro fecharam as portas. As forças de segurança foram rapidamente enviadas para o local, onde se reuniram muitos curiosos, apesar das advertências lançadas em tom agressivo pelos agentes.

Meia hora depois, aconteceu um segundo atentado suicida contra um complexo da Guarda Nacional, na periferia da capital. Quatro policiais ficaram feridos, informou o ministério do Interior. O camicaze detonou os explosivos em frente à porta traseira das instalações de Gorjani, onde se reúnem os serviços da Guarda Nacional, da polícia jurídica e de investigação terrorista, declarou o porta-voz do ministério, Sofiène Zaag.

Após um levante em 2011, que provocou a queda do regime do então presidente Ben Ali, a Tunísia viveu um auge do movimento jihadista, responsável pela morte de dezenas de soldados e policiais, assim como de civis e turistas estrangeiros nos últimos anos. Consequentemente, o estado de emergência tem sido renovado várias vezes no país desde 2015.


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