Autor do tiroteio em Viena era simpatizante do EI e natural da Macedônia do Norte

Autor do tiroteio em Viena era simpatizante do EI e natural da Macedônia do Norte

Polícia austríaca prendeu 14 pessoas após o atentado, informou o ministro do Interior

AFP

Pelo menos quatro pessoas morreram vítimas do crime

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O autor dos tiroteios coordenados, que espalharam pânico em Viena na noite de segunda-feira e provocaram pelo menos quatro mortes, era um simpatizante do grupo jihadista Estado Islâmico e natural da Macedônia do Norte, anunciaram as autoridades austríacas nesta terça-feira. O "ataque terrorista", segundo as palavras do chanceler Sebastian Kurz, ocorreu em pleno centro da capital austríaca, perto de uma grande sinagoga e da Ópera.

Nesta terça-feira, uma grande parte do centro de Viena ainda estava isolada. Nos locais do crime, policiais científicos recuperavam evidências. Os investigadores multiplicaram as operações, com 18 buscas e 14 detenções, informou o ministro do Interior, Karl Nehammer, à agência de notícias austríaca APA.

De acordo com o ministro, o material audiovisual analisado pela polícia "não forneceu até agora provas de que houve um segundo agressor". Antes, ele afirmou que pelo menos outro suspeito estava foragido.

Condenado em 2019

Os detalhes sobre o agressor começaram a ser revelados nesta terça-feira. Identificado como Kujtim Fejzulia, de 20 anos, era natural da Macedônia do Norte e também tinha nacionalidade austríaca, disse Nehammer à APA. Foi condenado em 2019 a 22 meses de prisão por tentar viajar para a Síria para unir-se ao grupo Estado Islâmico (EI).

O governo austríaco indicou que o homem, armado com um rifle e um falso cinto de explosivos, era "simpatizante" do EI, segundo as evidências encontradas em sua residência.

A Áustria decretou três dias de luto nacional após o que o chanceler Sebastian Kurz chamou de "repugnante ataque terrorista". O chefe de Governo, o presidente Alexander van der Bellen e outras autoridades participaram em uma cerimônia de homenagem às vítimas.

"Banho de sangue"

Os habitantes de Viena, ainda atordoados, se esqueceram até mesmo do novo confinamento que entrou em vigor nesta terça-feira para conter a pandemia de Covid-19. O rabino da comunidade judaica de Viena, Schlomo Hofmeister, disse estar "preocupado" se o ataque estava vinculado à sinagoga. "Nenhuma prova confirma isso, mas não podemos descartar", confessou à AFP. "O edifício estava fechado neste momento do dia e o bairro é o mais movimentado da cidade".

Da janela de seu apartamento, ele presenciou a cena. "O homem correu em direção aos clientes dos bares com sua arma", relatou. "O tempo estava bom e era véspera do confinamento, sem dúvida ele aproveitou a situação para provocar um banho de sangue", considerou.

Entre as quatro vítimas, há um homem e uma mulher idosos, um jovem pedestre e uma garçonete, disse o chanceler Kurz. Além disso, 15 pessoas estão internadas, sete delas em estado grave, segundo a associação de hospitais de Viena.

Policiais e soldados foram enviados para proteger prédios importantes da capital e as crianças não foram à escola nesta terça. "Nunca nos deixaremos intimidar pelo terrorismo e combateremos esses ataques por todos os meios", afirmou Kurz no Twitter.

Os ataques aconteceram em meio a uma grande tensão na Europa. Na França, três pessoas foram assassinadas na quinta-feira em um ataque com faca em uma basílica em Nice (sudeste) por um jovem tunisiano que havia acabado de chegar na Europa. Alguns dias antes, o professor Samuel Paty foi decapitado nos arredores de Paris, após mostrar caricaturas do profeta Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão.

A Áustria permanecia até agora à margem dos atentados islâmicos que atingem a Europa nos últimos anos.


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