Bachelet representa ONU em encontros com Maduro e Guaidó na Venezuela

Bachelet representa ONU em encontros com Maduro e Guaidó na Venezuela

Governo liberou 28 ativistas às vésperas da chegada da alta comissária

Estadão Conteúdo

Comissária estaria buscando liberação de presos políticos

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A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet, se encontrou na sexta-feira com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e com o líder da oposição, Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino. Nas reuniões, realizadas separadamente, Bachelet estaria tentando negociar a libertação de presos políticos. Há 687 pessoas detidas sob esse argumento, de acordo com a ONG Foro Penal. Segundo Guaidó, Bachelet pretende manter dois comissários durante três meses na Venezuela, e não descarta a possibilidade de criar, em até seis meses, um escritório permanente.

A informação foi confirmada por dirigentes de organizações de direitos humanos que se encontraram com a comissária um dia antes. Um novo relatório sobre a situação no país será divulgado no dia 5. ONGs de direitos humanos afirmam que o chavismo se comprometeu a permitir que os funcionários da ONU tenham acesso aos presos políticos.
Ainda na sexta, Bachelet também manteve uma reunião com Diosdado Cabello, número dois do chavismo. Nos últimos dois dias de visita, ela esteve com representantes do governo e de diversas ONGs de direitos humanos. "Também falamos sobre a perseguição ao Legislativo, sobre parlamentares que estão presos, no exílio, refugiados em embaixadas ou escondidos", afirmou Guaidó.

Um dos casos mais recentes foi o do vice-presidente da Assembleia Nacional, Edgar Zambrano, detido sob acusações de apoiar a falida revolução dos militares contra Maduro, liderada por Guaidó em 30 de abril. Outros 14 congressistas enfrentam a mesma acusação. Guaidó, que é reconhecido por mais de 50 países como presidente interino, é visto por Maduro como um integrante de um golpe liderado pelos EUA para tirar o presidente do poder e explorar as reservas de petróleo da Venezuela.

"A visita de Bachelet reforça a importância da situação, da crise, do reconhecimento da complexa emergência humanitária que está prestes a se converter em uma catástrofe", reforçou Guaidó. "Essa visita deve servir para revigorar a luta na Venezuela." Por outro lado, Maduro também estendeu o tapete vermelho a Bachelet. Na véspera de sua chegada, o governo liberou 28 ativistas da oposição considerados presos políticos. Anteriormente, Maduro começou a permitir o acesso da Cruz Vermelha para auxílio humanitário.
Em comunicado na TV estatal, na quarta-feira, ele afirmou que estava pronto para ouvir qualquer proposta de Bachelet que tivesse como objetivo melhorar as condições da Venezuela. "Aguardamos a visita dela", disse. "Vai ser bom para o sistema de direitos humanos da Venezuela."

Uma equipe técnica já estava no país desde março, mas, caso seja confirmada, a permanência dos dois delegados aponta para a possibilidade da instalação de um escritório permanente de direitos humanos, como pedem diversos ativistas. Na quinta-feira, durante uma hora, 26 representantes de ONGs apresentaram uma série de demandas a Bachelet. Alfredo Romero, da ONG Foro Penal, que também se encontrou com a comissária, confirmou no Twitter que Bachelet estava trabalhando para a libertação de alguns dos quase 700 políticos da oposição e ativistas.


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