Barco com imigrantes segue bloqueado no porto de Lampedusa

Barco com imigrantes segue bloqueado no porto de Lampedusa

Navio forçou barreira fronteiriça para desembarcar 42 migrantes ilegais

AFP

Ministro do Interior italiano exige a prisão da tripulação e apreensão do navio

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O navio humanitário Sea-Watch, que quebrou a proibição de entrar nas águas italianas na quarta-feira, permanecia bloqueado nesta quinta-feira em frente à ilha siciliana de Lampedusa, com 42 imigrantes que se encontra a bordo há 15 dias. "Vamos esperar mais uma noite. Não podemos esperar mais, não podemos brincar com o desespero das pessoas necessitadas", anunciou a ONG alemã Sea-Watch.

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, reiterou na véspera sua firme oposição à autorização do desembarque de migrantes a menos que sejam imediatamente transferidos para a Holanda, a bandeira do país do barco, ou para a Alemanha, origem da ONG Sea-Watch.

Salvini ainda exige que a tripulação seja presa e o navio apreendido, como fez em outros casos de navios humanitários carregados de migrantes depois que ordenou o bloqueio de portos para impedir o fluxo de imigrantes ilegais para as costas da Itália. "Decidi entrar no porto de Lampedusa. Sei o que estou arriscando, mas os 42 náufragos a bordo estão esgotados. Estou levando o grupo para um lugar seguro", declarou no Twitter a capitã alemã da embarcação, Carola Rackete, de 31 anos, em aberto desafio a Salvini.

O ministro do Interior, por sua vez, denunciou o "joguinho político desprezível" das ONGs, mas também a indiferença mostrada por Holanda e Alemanha. Os governos de Berlim e Haia "responderão por isso", ameaçou Salvini. A capitã e responsável pelo Sea-Watch agora enfrenta um processo por ajudar a imigração ilegal, bem como a apreensão do navio e uma multa de 50.000 euros, de acordo com um novo decreto de Salvini.

Segundo estatísticas do Ministério do Interior, mais de 400 migrantes desembarcaram na Itália nas últimas duas semanas. Entre eles, muitas chegaram em pequenos barcos a Lampedusa. Dos 53 migrantes resgatados em 12 de junho pela Sea-Watch em águas líbias, a Itália já aceitou o desembarque de 11 pessoas vulneráveis, como crianças, mulheres e doentes.

Dezenas de cidades alemãs se disseram dispostas a receber migrantes, enquanto, na segunda-feira, o bispo de Turim (norte da Itália), Cesare Noviglia, anunciou que sua diocese poderia acolher o grupo. Desde a chegada do governo populista ao poder na Itália em junho de 2018, as crises se sucederam em relação aos migrantes que permaneciam a bordo desses barcos de resgate.

Um acordo de distribuição foi assinado entre vários países europeus, e os migrantes puderam desembarcar. Em janeiro, 32 migrantes resgatados pela Sea-Watch ficaram bloqueados por um período recorde de 18 dias a bordo, antes de poderem desembarcar em Malta.


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