Benny Gantz, um general que sonha em ser premiê de Israel

Benny Gantz, um general que sonha em ser premiê de Israel

Ex-paraquedista de 60 anos era um novato na política até entrar na batalha eleitoral no final do ano passado

AFP

Mensagem de Gantz é clara: objetivo é expulsar Netanyahu do poder

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O general Benny Gantz, ex-comandante do Estado-Maior de Israel, cultiva uma imagem de político sem passado judicial contra o seu rival nas eleições de segunda-feira, Benjamin Netanyahu, acusado de corrupção, mas, que como ele, coloca a segurança em primeiro lugar.

Antes de entrar na batalha eleitoral israelense no final do ano passado, o ex-paraquedista de 60 anos era um novato na política. Mas criou um novo partido centrista, "Kahol Lavan" (Azul e Branco), as cores da bandeira do país. Congregando os opositores ao primeiro-ministro, conseguiu, com sua lista reunindo personalidades da esquerda e da direita, empatar com Netanyahu nas legislativas de abril e setembro de 2019.

Sua mensagem é clara: o objetivo é expulsar do poder Netanyahu, a quem acusa de colocar em perigo as instituições do país. Gantz propõe aos israelenses uma linha dura para defender o país e uma visão mais liberal em temas sociais e religiosos.

"Nos dias em que comandava a unidade de combate 'Shaldag' em operações no território inimigo, arriscando nossas vidas, você, Benjamin Netanyahu, passava com coragem e determinação de uma sessão de maquiagem para outra nos cenários de televisão", afirmou o general de quase dois metros de altura.

O militar promete unidade após anos de divisões e "tolerância zero" contra os corruptos, no momento em que Netanyahu enfrenta um possível indiciamento por corrupção.

Gantz confia em receber os votos dos eleitores de centro e de parte da coalizão de direita de Netanyahu para tornar-se o terceiro ex-comandante do Estado-Maior israelense a alcançar o cargo de primeiro-ministro, depois de Yitzhak Rabin e Ehud Barak. Os adversários criticam o programa de governo de Gantz, que chamam de "supermercado", no qual se encontra de tudo.

Benny Gantz nasceu em 9 de junho de 1959 no sul de Israel, na localidade de Kfar Ahim, fundada com a contribuição de seus pais, imigrantes que sobreviveram ao Holocausto. Gantz se alistou no exército como recruta em 1977, superou os testes de seleção dos paraquedistas e subiu na hierarquia.

Dirigiu a Shaldag, unidade de operações especiais da aviação, mais tarde liderou uma brigada e finalmente uma divisão na Cisjordânia ocupada. Foi adido militar de Israel nos Estados Unidos de 2005 a 2009 e comandante do Estado-Maior de 2011 a 2015. Dirigiu operações durante duas guerras contra a Faixa de Gaza.

Em um de seus vídeos, ele se orgulha do número de "terroristas" palestinos mortos durante a campanha de 2014 em Gaza, sem mencionar as vítimas civis. Em outro afirma não ter vergonha de buscar a paz com os árabes.

Sem menção a dois Estados

A plataforma do "Azul e Branco" defende uma separação entre israelenses e palestinos, mas não menciona a solução de dois Estados, ou seja um palestino ao lado de Israel. Sobre este tema, o estatuto de Jerusalém, a anexação de parte do Golã ou a política a respeito do Irã é difícil estabelecer diferenças entre o programa de Gantz e o ponto de vista de Netanyahu.

Os adversários de Gantz criticam sua inexperiência política e afirmam que no posto de comandante supremo ele foi indeciso e reticente no momento de assumir riscos. Também apontam sua culpa no que consideram falta de preparo na guerra de 2014 em Gaza.

Gantz é formado em História pela Universidade de Tel Aviv, tem mestrado em Ciências Políticas pela Universidade de Haifa e outro em Gestão de Recursos Nacionais da 'National Defense University' dos Estados Unidos. É casado e pai de quatro filhos.


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