Biden encarrega Harris de gerenciar a imigração após críticas a seu governo

Biden encarrega Harris de gerenciar a imigração após críticas a seu governo

Esta é a primeira missão específica que presidente dos EUA dá a sua vice-presidente

AFP

Harris é reconhecida como parte de uma geração mais jovem do Partido Democrata

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, encarregou a vice-presidente Kamala Harris de gerenciar a crescente chegada de migrantes à fronteira com o México, diante das críticas a seu governo. "Não consigo pensar em ninguém mais qualificado", declarou Biden a repórteres em uma reunião na Casa Branca junto a Harris e os chefes dos Departamentos de Segurança Interna (DHS) e de Saúde.

O presidente afirmou que confiou a Harris "uma tarefa difícil", referindo-se ao aumento do fluxo de chegada de migrantes sem documentos - especialmente crianças não acompanhadas à fronteira sul. "Quando ela fala, fala por mim", disse Biden sobre sua vice-presidente.

Esta é a primeira missão específica que Biden dá a Harris, reconhecida como parte de uma geração mais jovem do Partido Democrata, e que sempre o acompanhou em suas apresentações desde que assumiu o cargo em 20 de janeiro.

Nesta quarta-feira, a Casa Branca enviou uma delegação de congressistas à fronteira com o México para visitar um centro para migrantes em Carrizo Springs, no Texas.

Harris reconheceu que os Estados Unidos precisam aumentar a capacidade de processar pedidos de asilo e acolher migrantes, principalmente da América Central, que fogem da pobreza, violência e desastres naturais. "É um grande problema", afirmou Harris em entrevista à CBS, na qual também comentou que o governo herdou uma estrutura muito danificada do governo anterior, que também defendia uma política muito agressiva contra a imigração irregular.

Uma mudança parcial em relação à Trump

O governo do democrata Biden reverteu as principais medidas que marcavam o plano de imigração de Donald Trump, como a política de obrigar os solicitantes de asilo a esperar no México pela solução do caso. No entanto, toda a rede de comando do atual governo reiterou a mensagem de que este é não é o momento de migrar e que a fronteira está fechada.

A promessa de Biden de manter uma política de imigração mais humana foi complicada pelo aumento na chegada de pessoas, o que coloca forte pressão na fronteira, embora o governo se recuse a rotular a situação como uma "crise". "Há crianças que aparecem em nossa fronteira fugindo da violência, fugindo da perseguição, de situações terríveis, mas não é uma crise", anunciou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, nesta semana.

Para o senador republicano Ted Cruz, na "fronteira há uma crise que se agrava a cada dia" e isso é "resultado direto das decisões políticas do governo Biden".

Em uma carta conjunta, o senador republicano John Cornyn e a democrata Krysten Sinema, membro da ala moderada do partido, apelaram a Biden para "tomar medidas agressivas para garantir a segurança das fronteiras, proteger as comunidades e garantir que os migrantes sejam tratados de maneira justa e humana".

As condições de detenção de crianças na fronteira preocupam muitos setores do Partido Democrata. Na semana passada, as autoridades dos EUA informaram que 14 mil menores migrantes estavam sob custódia, 9.562 a cargo do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e cerca de 4.500 com a Patrulha de Fronteira (CBP).

Transparência

Mayorkas informou que seu departamento está instalando abrigos temporários para receber menores e admitiu que o governo não respeita uma regra que estabelece que as crianças não podem ficar bloqueadas por mais de 72 horas.

A Casa Branca anunciou que o Departamento de Saúde vai permitir o acesso à imprensa, mas de forma muito controlada, autorizando apenas uma emissora a fazer as imagens, que serão compartilhadas com as demais. "O governo Biden está comprometido com a transparência", informou o comunicado.

O debate se acendeu depois que, em editorial no The Washington Post, o fotógrafo John Moore, que publicou um livro sobre a fronteira, expressou sua indignação com a falta de transparência, afirmando que o país havia saído da política de "tolerância zero" de Trump contra a imigração a uma estratégia de "zero acesso".

"O atual governo chegou com a promessa de tornar a política de imigração dos Estados Unidos mais humana e transparente. Mas está falhando nesse segundo ponto, então é difícil ter uma ideia do primeiro", escreveu ele, garantindo que "os jornalistas não têm como verificar se as condições melhoraram para os migrantes. "


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