Biden não se "ilude" com negociações nucleares com a Coreia do Norte

Biden não se "ilude" com negociações nucleares com a Coreia do Norte

Presidente norte-americano anunciou que nomeou o veterano diplomata Sung Kim, ex-embaixador americano em Seul, como enviado especial para a região

AFP

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O presidente americano Unidos, Joe Biden, reconheceu nesta sexta-feira que não existe caminho fácil para fazer com que a Coreia do Norte renuncie a seu arsenal nuclear e reafirmou o compromisso "ferrenho" com a aliança entre os Estados Unidos e Seul, após uma reunião com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in. "Não nos iludimos sobre a dificuldade, com certeza não. Os últimos quatro governos (americanos) não alcançaram o objetivo. É um objetivo incrivelmente difícil", declarou Biden em coletiva de imprensa conjunta com o presidente sul-coreano na Casa Branca.

Ele anunciou que nomeou o veterano diplomata Sung Kim, ex-embaixador americano em Seul, como enviado especial para a Coreia do Norte. Diante de uma Coreia do Norte que dispõe de uma arsenal nuclear e uma China cada vez mais assertiva, Biden enfatizou sua fé nas tradicionais alianças dos Estados Unidos na região.

O presidente americano classificou a parceria com a Coreia do Sul como "o pilar da paz e da segurança" e prometeu um "foco compartilhado" para fazer frente à Coreia do Norte. Biden afirmou que, durante o encontro na Casa Branca, abordou com Moon temas como a "liberdade de navegação" no Mar da China Meridional e a "paz e estabilidade" nos arredores de Taiwan, cada vez mais ameaçadas por Pequim.

Moon classificou a desnuclearização da península coreana como "a tarefa comum mais urgente". Enquanto Donald Trump tratava os parceiros estrangeiros alternadamente como ferozes competidores comerciais ou aproveitadores, Biden mais uma vez confiou nas alianças democráticas forjadas nos conflitos sangrentos do século 20 como o núcleo para manter a supremacia americana.

E agiu rapidamente para restaurar o equilíbrio anterior, com os olhos postos no desafio apresentado pela China. Moon chegou a Washington como o segundo convidado estrangeiro de Biden. O primeiro-ministro japonês, Yoshihide Suga, foi o primeiro, em abril. Ao chegar, Moon declarou que a Coreia do Sul e os Estados Unidos compartilham a "mesma alma", forjada na guerra contra a Coreia do Norte no início dos anos 1950, durante a Guerra Fria.

A Coreia do Sul "sempre estará ao lado dos Estados Unidos em seu caminho para se recuperar da crise de covid-19 e defender a ordem internacional liberal e democrática", declarou Moon em uma reunião com a vice-presidente Kamala Harris, antes de se encontrar com Biden.

Simbolizando a história profunda e complexa por trás desses laços, Moon e Biden testemunharam a entrega da Medalha de Honra, a maior honra militar da América por bravura, a um veterano americano de 94 anos da Guerra da Coreia.

O então primeiro-tenente Ralph Puckett foi ferido em 1950 enquanto liderava soldados americanos e coreanos em uma defesa desesperada de uma colina contra uma força esmagadora de tropas chinesas, um episódio inicial após a entrada decisiva da China na guerra. A Casa Branca disse que foi a primeira vez que um líder estrangeiro participou de uma cerimônia de entrega de uma Medalha de Honra.

Improvável encontro com líder norte-coreano

A secretária de comércio, Gina Raimondo, e sua contraparte sul-coreana mantiveram conversas separadas com vários executivos com foco na fabricação de alta tecnologia. Mas a maior parte da reunião entre Biden e Moon se concentrou na China e no arsenal nuclear norte-coreano.

A Casa Branca afirma que não espera chegar a um "grande acordo" com Pyongyang, mas favorece "uma abordagem prática calibrada", disse um alto funcionário. "Entendemos onde os esforços anteriores tiveram dificuldades e tentamos aprender com eles", explicou.

Quando questionado se consideraria dar continuidade às comemoradas, porém infrutíferas cúpulas com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, o presidente americano disse que teria que isso só poderia ser feito em termos completamente diferentes.

Biden observou que "não se encontrará" com Kim a menos que haja um plano concreto para negociar a desnuclearização da Coreia do Norte e criticou a relação amigável que seu antecessor Donald Trump teve com o líder norte-coreano. "Eu não faria o que foi feito no passado recente. Eu não daria a ele esse reconhecimento internacional, que é o que (Kim) está procurando".

 

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