Cápsula Dragon da SpaceX volta à Terra após teste bem sucedido

Cápsula Dragon da SpaceX volta à Terra após teste bem sucedido

Nave ficou mais de seis dias no espaço

AFP

Cápsula aterrissou no Oceano Atlântico

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A nova cápsula Crew Dragon da SpaceX pousou com sucesso nesta sexta-feira no Oceano Atlântico depois de mais de seis dias no espaço, pondo fim a sua missão teste para a agência espacial americana NASA, que planeja retomar os voos tripulados. Dessa forma, a SpaceX conseguiu demonstrar que sua cápsula é segura para os astronautas, o principal objetivo da viagem.

Dragon acionou seus propulsores quando sobrevoava o Sudão a 410 quilômetros de altura, e separou-se da Estação Espacial Internacional (ISS) depois de receber a luz verde do centro Johnson, em Houston, nos Estados Unidos, segundo imagens transmitidas ao vivo pela NASA graças a várias câmaras a bordo da ISS. Apesar de sua velocidade real de 27 mil km/h, às 12h50min (9h50min de Brasília), o veículo abandonou sua órbita e iniciou a entrada na atmosfera, vindo a amerissar frente ao litoral da Flórida às 13h45min (10h45min de Brasília).

A maior preocupação, segundo Elon Musk, o magnata que criou a SpaceX em 2002, em relação ao retorno era a entrada hipersônica da nave, a abertura correta dos paraquedas e o funcionamento do sistema que guiaria a Crew Dragon ao local de pouso. A missão, no entanto, transcorreu sem incidentes.

No domingo, a nave se acoplou automaticamente à Estação Espacial Internacional (ISS), a mais de 400 quilômetros sobre a superfície da Terra. Pouco mais de duas horas depois, os três membros da tripulação da ISS, a americana Anne McClain, o canadense David Saint-Jacques e o russo Oleg Kononenko abriram a escotilha da cápsula e, pela primeira vez, entraram nela. Em seu interior encontraram o manequim, apelidado de Ripley, instalado em um assento, e uma bola de pelúcia representando o planeta azul, que a SpaceX introduziu com humor na cápsula para servir de "indicador de falta de gravidade super 'high tech'". Mas, da próxima vez, se tudo correr bem, dois astronautas americanos estarão a bordo da Dragon, para uma ida e volta à ISS antes do final do ano, segundo a NASA.

Fim da dependência

Desde o final do programa de naves espaciais em 2011, após 30 anos de serviço, somente os russos transportam pessoas em viagens de ida e volta à ISS. A SpaceX fez essa viagem uma dúzia de vezes desde 2012, mas carregando apenas suprimentos para reabastecer a estação. Transportar humanos para lá requer assentos, um ar respirável em uma cabine pressurizada, uma temperatura regulada para os passageiros e, é claro, sistemas de emergência.

A NASA se dispõe assim, pela primeira vez, a confiar a empresas privadas o transporte de seus astronautas. A Boeing também ganhou um contrato e está desenvolvendo sua própria cápsula, a Starliner, que será testada em poucos meses. A agência espacial americana já não é proprietária de naves nem foguetes, e compra um serviço por um preço fixo: 2,6 bilhões de dólares por seis missões tripuladas de ida e volta no caso da SpaceX, de acordo com um contrato assinado em 2014, ao qual se somam os contratos de desenvolvimento das naves por 600 milhões.

A mudança de modelo começou durante o primeiro mandato do presidente Barack Obama, a partir de 2010. Mas devido aos atrasos no desenvolvimento, se materializou sob a presidência de seu sucessor, Donald Trump.

Com Dragon e o Boeing Starliner - que ainda não foi testado -, a NASA não mais dependerá da Rússia para voar para a ISS. Elon Musk, no entanto, parece mais interessado em uma exploração mais distante do Sistema Solar. No sábado, ele voltou a expor seu sonho: "Devemos ter uma base na Lua. Uma base humana permanentemente ocupada na Lua, e enviar pessoas a Marte e construir uma cidade em Marte".


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