Cúpula entre Trump e Kim Jong Un termina antes do previsto e sem acordo

Cúpula entre Trump e Kim Jong Un termina antes do previsto e sem acordo

Líderes dos EUA e da Coreia do Norte não chegaram a um consenso sobre desnuclearização do país asiático

Correio do Povo e Agência Brasil

Kim Jong Un se comprometeu com a desnuclearização da península da Coréia em uma reunião com Donald Trump, em junho do ano passado

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, encerraram nesta quinta-feira, em Hanói, no Vietnã, sua segunda cúpula antes do previsto e sem ter chegado a um acordo. Uma declaração da Casa Branca diz que "os dois líderes discutiram diversos meios para avançar a desnuclearização e conceitos econômicos. Nenhum acordo foi fechado desta vez, mas suas respectivas equipes esperam se encontrar no futuro."

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"Foi sobre as sanções", declarou Trump em uma entrevista coletiva, referindo-se ao motivo da interrupção abrupta da reunião. "Basicamente, eles queriam que as sanções fossem levantadas em sua totalidade, mas não pudemos fazer isso. Às vezes você tem que se retirar e esta era uma dessas vezes", acrescentou, dizendo que o encerramento foi amistoso. "Foi muito amigável. Nós apertamos as mãos... Há um calor que e espero que continue. Acho que vai. Mas estamos posicionados para fazer algo muito especial".

Trump ainda afirmou que Kim se ofereceu para desmantelar algumas partes de sua infraestrutura nuclear, incluindo o complexo de Yongbyon, mas não estava preparado para destruir outras partes do programa, incluindo as usinas secretas de urânio. "Há uma lacuna. Temos que ter sanções", disse. "Eles estavam dispostos a remover uma grande parte das áreas que queríamos, mas não poderíamos desistir de todas as sanções por isso. Mesmo sem acordo, Kim prometeu que não vai reiniciar os testes nucleares e de mísseis".

Ficou claro que os dois lados permanecem distantes em algumas questões-chave, incluindo uma muito fundamental: o que a desnuclearização da Península Coreana realmente significa. Ainda não está evidente o que Kim exigirá das forças norte-americanas na Coreia do Sul e na região para que ele esteja disposto a entregar seu arsenal nuclear. "Ele tem uma certa visão. Não é exatamente a nossa, mas está muito mais perto do que há um ano", comentou.

Também ressaltou que não havia planos para uma terceira cúpula, mas deixou claro que o status quo continuaria, com a Coreia do Norte continuando a suspender testes nucleares e de mísseis, enquanto os EUA não participariam de exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul. "Eu desisti disso há um bom tempo porque custa US$ 100 milhões para isso. Eu odiava ver isso. Eu achei injusto", disse Trump, dizendo que os asiáticos deveriam arcar com os custos. "O exercício é divertido e é bom que eles joguem seus jogos de guerra. Eu não estou dizendo que não é necessário. Em alguns níveis, é. Em outros níveis, não é".

Embora tenha dito que outro encontro com Kim não poderia acontecer "por um longo tempo", Trump permaneceu na defensiva do líder norte-coreano e na relação entre os dois homens. "Passamos o dia todo com Kim Jong-un. Ele é um grande cara e. E nosso relacionamento é muito forte". O estadunidense até defendeu o ditador por causa da morte do estudante norte-americano Otto Warmbier, que havia sido mandado para casa da Coreia do Norte seriamente doente em junho de 2017. "Ele diz que não sabia disso e eu vou aceitar a palavra dele".

Depoimento do ex-advogado 

O colapso das conversas veio à sombra do testemunho do Congresso, em Washington D.C., por Michael D. Cohen, ex-advogado de Trump, que passou horas na quarta-feira as falhas de caráter do Republicano. Questionado na coletiva de imprensa sobre o caso, o presidente disse que houve muita mentira. "Acho que ter uma audiência falsa como essa e tê-la no meio dessa cúpula tão importante é realmente uma coisa terrível", disse Trump, aludindo às suas críticas anteriores de que a audiência havia sido organizada para propósitos partidários pelo Partido Democrata, que controla a Câmara dos Representantes.

Para Trump, o surpreendente fim da cúpula representou um fracasso diplomático. O presidente viajou 20 horas para o Vietnã com a esperança de produzir progressos demonstráveis em direção à desnuclearização, com base em sua primeira reunião de cúpula com Kim em junho do ano passado em Cingapura. Desde então, o governo norte-americano afirmou estar à beira de um avanço histórico. Mas as observações de Trump nesta quinta representaram uma recalibração de expectativas sobre velocidade das negociações. “Sem pressa. Sem pressa", insistiu. “Só queremos fazer o acordo certo. Presidente Kim e eu, queremos fazer o acordo certo. A velocidade não é importante. O importante é que façamos o negócio certo. Muito obrigado a todos", finalizou.

A coletiva de imprensa aconteceu depois que um almoço marcado e uma cerimônia de assinatura do esperado comunicado conjunto foram cancelados em pouco tempo, quando Trump e Kim deixaram o local da cúpula e retornaram a seus hoteis separados na capital vietnamita. O fim precoce da cúpula refletiu nos mercados financeiros da Ásia, com o mercado de ações da Coreia do Sul caindo 1,8% pouco antes do fechamento do dia. O won sul-coreano também caiu, e o principal índice de ações do Japão, o Nikkei 225, teve queda de 0,8%.


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