Casa Branca ameaça proibir lançamento de livro de John Bolton que implica Trump

Casa Branca ameaça proibir lançamento de livro de John Bolton que implica Trump

Governo dos EUA argumenta que material possui informações que geram risco à defesa do país

AFP

Bolton foi assessori direto de Trump no exterior

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A Casa Branca informou nesta quarta-feira a John Bolton, ex-conselheiro de Segurança Nacional, que o manuscrito de seu livro contém "informações confidenciais" e, por isso, não autorizaria sua publicação. Parte do conteúdo, divulgado no fim de semana, afeta o julgamento de impeachment do presidente Donald Trump no Senado.

Como conselheiro de Segurança Nacional, Bolton testemunhou em primeira mão a negociação de Trump com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, que vinha sendo pressionado para anunciar a abertura de investigação envolvendo o democrata Joe Biden - principal obstáculo à reeleição do presidente, em disputa que ocorrerá em novembro. Os advogados de Trump, que concluíram seus argumentos no Senado, sustentam que não houve abuso de poder, pois os ucranianos não se sentiram pressionados. O caso, segundo a defesa do presidente, foi montado pelos democratas com base em rumores, testemunhos de segunda mão de pessoas que não tiveram envolvimento direto nas negociações.

Os relatos dos manuscritos de Bolton, revelados pelo New York Times no domingo, minam os argumentos da defesa de Trump. Neles, o ex-conselheiro escreve que escutou do presidente que ele queria congelar US$ 391 milhões em ajuda militar para a Ucrânia até a abertura das investigações envolvendo Biden. Além disso, Bolton representa um problema mais amplo para o governo. As credenciais republicanas e conservadoras do ex-conselheiro de Segurança Nacional são inatacáveis, o que inviabiliza a tática da Casa Branca de rotulá-lo de "democrata" ou de "esquerdista".

Por isso, os líderes republicanos no Senado articulam contra a convocação de testemunhas no processo de impeachment. A pressão, no entanto, tem aumentado nos últimos dias. Para aprovar depoimentos, bastaria a maioria simples. Como os republicanos têm 53 dos 100 senadores, os votos de 4 seriam suficientes.

Se os republicanos correm risco de perder a votação sobre a convocação de testemunhas, que deve ocorrer nesta quinta, Trump ainda tem uma maioria folgada para evitar a destituição. O impeachment só é aprovado com dois terços dos senadores, ou seja, 20 aliados republicanos teriam de abandonar o presidente, o que é considerado improvável.

 


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