Caso de munições em lagos suíços volta a preocupar

Caso de munições em lagos suíços volta a preocupar

Estudos de risco e investigações técnicas decidiram se material será recolhido

AFP

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O Exército suíço desistiu anos atrás de recuperar toneladas de munições submersas em seu território após a Segunda Guerra Mundial, mas a questão ressurgiu em Genebra após a descoberta de caixas no Lago Léman. As autoridades correm para lançar operações nas próximas semanas para inventariar este arsenal que está adormecido há décadas no fundo deste lago icônico, o maior dos Alpes.

"No outono (no hemisfério norte, primavera no Brasil), vamos testar técnicas de localização. Vamos detectar massas metálicas de navios que vão usar sondas submersas", explicou à AFP o geólogo Jacques Martelain.

A busca vai se concentrar primeiro em uma área rasa (50-100 metros). Será com base nos resultados das investigações técnicas e no estudo de risco que Genebra decidirá se recupera ou não as munições.

Milhares de toneladas de munições e outros explosivos foram jogados em lagos suíços durante o século XX, especialmente após a Segunda Guerra Mundial, simplesmente para se livrar dessas armas após explosões em alguns depósitos. "São principalmente bombas de aviação, granadas, cartuchos e resíduos explosivos", disse à AFP uma porta-voz do Departamento de Defesa, Mireille Fleury.

Em Genebra, não foi o Exército que os submergiu, mas a empresa de armamento Hispano-Suiza, até o início dos anos 1960. As autoridades de Genebra estudam o caso para determinar se alguma regulamentação da época poderia fazer a empresa pagar parte do saneamento que deve ser realizado.

Perigo público 

Análises feitas no início dos anos 2000 pelo Departamento de Defesa estimaram o peso do material submerso entre 150 e 1.000 toneladas, não sendo possível determinar sua localização ou tipo exato.

"Existem, em princípio, bombas e morteiros, e provavelmente munição para rifles", enquanto alguns evocam a presença de bombas de fosgênio, um gás mortal, disse Martelain.

A ex-deputada e também mergulhadora Salima Moyard luta há anos para que a cidade lide com o problema. "A única solução viável a longo prazo é o saneamento completo, total", disse.

"Há indivíduos que podem considerar o desafio de ir buscar as munições para colocá-las ao lado da lareira. Isso pode ser muito sério: para as próprias pessoas, para os vizinhos, para o meio ambiente", comentou à AFP.

Na Suíça, mais de 8.000 toneladas de munições foram submersas pelo Exército no século passado nos lagos Thun, Brienz e Cantonese, no centro do país, em águas mais profundas que em Genebra e com menos movimento.

As autoridades garantem que as munições estão cobertas por uma camada espessa e crescente de sedimentos e não representam um perigo nem geram qualquer impacto negativo na água. Ainda assim, monitoram a situação regularmente.

Genebra também confiava nesses sedimentos até que mergulhadores da organização francesa Odysseus 3.1 descobriram em 2019 algumas caixas rachadas com munição a 50 metros de profundidade.

"Como essas munições não estão cobertas o tempo todo por sedimentos e estamos em águas rasas, podemos imaginar fenômenos de corrosão mais importantes" do que no restante dos lagos suíços, advertiu Martelain.


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