Chefe da OMS pede progresso mais rápido na reforma da instituição

Chefe da OMS pede progresso mais rápido na reforma da instituição

Conforme a entidade, cerca de 10% da população mundial pode já ter contraído o vírus, e número equivale a 780 milhões de pessoas

AFP

Tedros Ghebreyesus, chefe da OMS

publicidade

A pandemia de coronavírus, que já teria infectado 10% da população mundial, é um "alerta" para a comunidade internacional, disse nesta segunda-feira o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) Tedros Adhanom Ghebreyesus, que pediu uma reforma mais rápida da instituição para responder de modo mais eficiente às emergências de saúde.

Durante uma sessão extraordinária do Conselho Executivo da OMS sobre a resposta à Covid-19, Tedros defendeu o trabalho da organização, acusada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de incompetência em sua gestão da pandemia. Tedros também defendeu a reforma da OMS nos últimos três anos, mas reconheceu que é preciso acelerar o ritmo. "Não vamos pelo caminho equivocado (...) mas precisamos nos mover mais rápido. A pandemia é um alerta para todos nós", disse.

Ao seu lado, o diretor de emergências sanitárias da OMS, Michael Ryan, explicou que cerca de 10% da população mundial pode já ter contraído o vírus, ou seja, 780 milhões de pessoas e muito mais que o dobro do número oficial (35,3 milhões). Esta reunião extraordinária do Conselho Executivo - que inclui representantes de 34 países eleitos por três anos e é encarregada de preparar e aplicar as decisões dos membros - é apenas a quinta na história da organização.

A reunião foi convocada pela OMS em resposta a uma resolução aprovada pelos Estados-membros em maio, na qual pediam uma "avaliação independente" da resposta à pandemia por parte da organização e da comunidade internacional. O diretor da OMS destacou a necessidade de reforçar a vigilância internacional de países.

"O mundo precisa de um sistema sólido de revisão entre iguais", disse, citando como exemplo a chamada Revisão Periódica Universal estabelecida pelo Conselho de Direitos Humanos, que todos os membros das Nações Unidas devem fazer a cada quatro ou cinco anos. "Estamos encorajando os países a apresentarem novas ideias", continuou o etíope, acrescentando: "Devemos estar abertos para mudanças e devemos implementá-las agora".

A OMS emitiu um alerta mundial em 30 de janeiro pela Covid-19. Desde então a organização tem sido muito criticada, principalmente pelos Estados Unidos, por sua demora a declarar o estado de emergência, apesar de o coronavírus ter sido detectado no final de dezembro na China.

Na segunda-feira, o representante austríaco, Clemens Martin Auer, elogiou a rápida resposta da OMS à Covid-19 e também os esforços da organização em termos de "informação", mas pediu uma revisão de sua governança. "O Conselho é um órgão ativo ou é uma fachada para expressar gratidão (dos países) pelo trabalho que está sendo feito?", alfinetou.

Nas últimas semanas, vários países lançaram caminhos de reflexão sobre uma reforma da OMS, como os Estados Unidos e a dupla franco-alemã. "Esperamos poder usar esta sessão especial para começar a transformar essas tantas boas ideias em ações", observou em videoconferência o representante americano, Brett Giroir, secretário adjunto de Saúde.

Esses projetos de reforma também serão discutidos pelos 164 membros da OMS em novembro. Na ocasião, os países também vão discutir as consequências da saída dos Estados Unidos, principal doador do organismo. "Este é um assunto que nos preocupa muito", disse o representante russo, em videoconferência, enquanto o representante austríaco afirmou temer um "enfraquecimento" da OMS.


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895