China tem menor crescimento populacional desde a década de 1960 e chega a 1,41 bilhão de habitantes

China tem menor crescimento populacional desde a década de 1960 e chega a 1,41 bilhão de habitantes

Em comparação com a pesquisa de 2010, a população chinesa cresceu em 72 milhões de habitantes, o que equivale a um aumento de 5,38%

AFP

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A China tem cada vez mais aposentados em comparação com os trabalhadores ativos. Durante os últimos 10 anos, a população do país registrou o crescimento mais lento em décadas e em breve a nação deve ser superada pela Índia em número de habitantes. A população chegou no ano passado a 1,41 bilhão de habitantes, anunciou nesta terça-feira o país mais populoso do mundo, ao apresentar os resultados do seu censo, realizado a cada 10 anos. Em comparação com a pesquisa de 2010, a população chinesa cresceu em 72 milhões de habitantes, o que equivale a um aumento de 5,38%, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas.

Este é avanço mais lento desde a década de 1960. O país prevê que a curva de crescimento populacional irá atingir o pico em 2027, quando a Índia deverá ultrapassá-la e se tornar o país mais populoso do mundo. –  a população indiana cresce na média de 1% por ano, segundo um estudo divulgado ano passado por Nova Délhi. A demografia chinesa começaria, então, a diminuir, até chegar a 1,32 bilhão de habitantes em 2050. Contudo, com este ritmo, o país pode perder o título de maior população do planeta mais rápido que o previsto. 

O porta-voz do Escritório Nacional de Estatísticas, Ning Jizhe, confirmou que o país se aproxima do "pico", mas não antecipou uma data. A população deve ser superior a 1,4 bilhão "durante um certo tempo", se limitou a declarar. A publicação do censo foi adiada em várias semanas, o que alimentou a ideia de que os números seriam ruins para o regime comunista. No fim de abril, o governo desmentiu informações da imprensa de que a China anunciaria a primeira redução da população desde a grande fome do fim dos anos 1950, que provocou dezenas de milhões de pessoas.

Seus resultados são considerados mais confiáveis do que as pesquisas demográficas anuais, baseadas em estimativas. Desde 2017, a taxa de natalidade vem caindo no país, apesar da flexibilização, no ano anterior, da política do filho único, que permite o nascimento do segundo filho. A taxa caiu em 2019 a 10,48 a cada mil habitantes, nível mais baixo desde a fundação da China comunista, em 1949.

Influência da Covid-19

A queda da taxa de natalidade tem várias razões: diminuição do número de casamentos, o custo da habitação e da educação, a gravidez mais tardia das mulheres que priorizam a carreira, entre outras. No ano passado, marcado pela pandemia, o número de nascimentos caiu a 12 milhões, contra 14,65 milhões em 2019, ano em que a taxa de natalidade (10,48 por 1.000) já estava no menor nível desde a fundação da China comunista em 1949.

A epidemia "aumentou a incerteza da vida cotidiana e a preocupação com o nascimento de um filho", reconheceu Ning. O regime comunista recorda constantemente que erradicou em grande medida a epidemia, que surgiu no fim de 2019 na região central do país.

Em 2016 o país flexibilizou a política do filho único, permitindo que todos os chineses tenham o segundo filho. Mas a medida não serviu para estimular a taxa de natalidade, o que leva algumas pessoas a pedir o fim do limite de duas crianças por família.

Os demógrafos advertem que o país pode registrar o mesmo fenômeno do Japão e Coreia do Sul (com excesso de idosos em comparação com o número de jovens e trabalhadores). Em março, o Parlamento aprovou um plano para aumentar progressivamente a idade de aposentadoria durante os próximos cinco anos.

Explosão de migrantes internos

De acordo com os resultados do censo, no ano passado o país tinha mais de 264 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, uma população que representa 18,7% do total do país, ou seja um aumento de 5,44% na comparação com 2010. A população em idade ativa (15 a 59 anos) representa 63,35% do total, 6,79% a menos que na década passada.

"O maior envelhecimento da população exerce uma pressão contínua sobre o equilíbrio demográfico a longo prazo", admite o Escritório Nacional de Estatísticas. Outro dado reflete os desequilíbrios potenciais: a população "flutuante" de migrantes internos. Estas pessoas de zonas rurais que trabalham em cidades com pouca proteção social chegaram no ano passado a 376 milhões, um aumento de quase 70% em uma década.


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