Colômbia denuncia Venezuela por querer bloquear suas infraestruturas

Colômbia denuncia Venezuela por querer bloquear suas infraestruturas

País venezuelano pretende efetuar bloqueios recorrendo a rebeldes do ELN e dissidentes da ex-guerrilha Farc, segundo Navarro

AFP

Declarações do comandante se dão em meio a renovadas tensões ente ambos países

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A Venezuela pretende bloquear infraestruturas civis e militares da Colômbia, recorrendo a rebeldes do Exército de Libertação Nacional (ELN) e a dissidentes da ex-guerrilha Farc - disse o comandante das Forças Militares colombianas em uma entrevista publicada nesta quarta-feira. "Está muito claro. O que querem fazer é nos bloquear. Temos que denunciar isso, porque atacar uma infraestrutura de um país é atacar suas possibilidades econômicas, é atacar seu povo, é atacar sua segurança alimentar. É mergulhá-lo no atraso", disse o general Luis Fernando Navarro ao jornal "El Tiempo".

O alto oficial confirmou, assim, uma publicação da revista "Semana". Em sua edição de domingo, o veículo revela informes da Inteligência venezuelana, nos quais se evidencia um trabalho conjunto de autoridades desse país com grupos armados colombianos. Segundo os informes, as Forças Armadas venezuelanas e as guerrilhas analisam pontos estratégicos da infraestrutura colombiana, como instalações governamentais e militares, portos, aeroportos, pontes e estradas.

"Estes bandidos [ELN e dissidências das Farc] têm e podem aportar algum tipo de informação. Além disso, com estas ameaças reiteradas do regime de [Nicolás] Maduro, de que vai empregar sua capacidade contra o Estado colombiano, presumimos que deve ter Inteligência sobre nossos ativos estratégicos", acrescentou Navarro. "Mas nós também estivemos gerando ações de Inteligência e de contrainteligência para detectar quais são as células que estão espionando nossos ativos", completou.

"Alertas"

As declarações do comandante se dão em meio a renovadas tensões ente ambos os países, que compartilham uma fronteira de 2.200 quilômetros. Nela, Maduro ordenou a realização de exercícios militares até 28 de setembro e a mobilização de um sistema de mísseis, diante de supostas ameaças de Bogotá. "É preciso estarmos em alerta. Isso não pode ser levado de brincadeira, e não estamos levando na brincadeira. Temos nossos planos. Estão ativados. Nossas capacidades de Inteligência estão no máximo. O senhor presidente esteve trabalhando em seus níveis políticos, diplomáticos, preparando as respectivas denúncias", frisou Navarro.

O alto oficial garantiu que, na Venezuela, estão refugiados cerca de mil rebeldes do ELN e outros 600 dissidentes das Farc. "Temos clareza da conivência das autoridades do regime de Maduro, da Guarda Nacional, do Exército bolivariano. Garantem a eles permissividade total e absoluta, o que lhes permite estarem tranquilos", denunciou. Ele afirmou ainda que "a situação" na Venezuela levou os venezuelanos a mergulharem nessas organizações armadas. Tanto o ELN, a última guerrilha da Colômbia, quanto as dissidências, que não contam com um comando unificado, têm pelo menos 2.300 integrantes cada um, segundo a Inteligência militar.

Nos últimos dias, Maduro denunciou uma "escalada guerreirista" de Bogotá pelas acusações do presidente Iván Duque, no final de agosto, de que a Venezuela abriga guerrilhas e grupos armados colombianos. Duque disse se opor a uma intervenção militar que tire Maduro do poder. Os dois países estão com as relações rompidas desde que a Colômbia reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela, em fevereiro passado.


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